Banco do BCP na Polónia com prejuízo de 214 milhões no terceiro trimestre
Resultado é explicado pelo reconhecimento antecipado de 304,6 milhões de euros em custos relacionados com moratórias de crédito.
O polaco Bank Millennium, detido em 50,2% pelo BCP, registou um prejuízo líquido de 214,3 milhões de euros (1001 milhões de zlótis) no terceiro trimestre, elevando as perdas dos primeiros nove meses do ano para 270,5 milhões de euros.
Estes resultados contrariam a melhoria registada no primeiro semestre, em que os prejuízos tinham caído para 56,6 milhões de euros (262,6 milhões de zlótis), cerca de metade do registado no mesmo período do ano passado.
De acordo com a informação divulgada esta segunda-feira ao mercado, o nível de perdas trimestrais deveu-se sobretudo ao reconhecimento antecipado dos custos relacionados com as moratórias de crédito (em 304,6 milhões de euros antes de impostos ou 246,8 milhões de euros depois de impostos) que afectaram os bancos polacos em Julho. Em causa estão os créditos hipotecários em francos suíços (CHF) que o banco polaco detém em carteira.
Excluindo aqueles custos, e outros, como “o impacto do pagamento relacionado com o esquema de protecção institucional (IPS) e com distribuição linear da contribuição para o fundo de resolução do BFG”, o lucro ajustado seria de 392,3 milhões de euros (1832 milhões de zlótis), mais 127,4% em termos homólogos. Sem estes impactos, como destaca o banco liderado por Miguel Maya no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os resultados do negócio core do Bank Millennium, que consolida pelo método integram com o BCP, “mais do que compensaram os custos relacionados com o risco legal dos créditos denominados em CHF.
O agravamento de custos já tinha sido antecipado, no início do corrente mês, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de valores Mobiliários (CMVM), dando conta da constituição, no terceiro trimestre, de provisões de 447 milhões de zlótis para riscos legais relacionados com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira, e de 51 milhões contra o risco legal relacionado com o empréstimo do antigo Euro Bank.
Em termos operacionais, a receita total aumentou 48,1% em termos homólogos e 5,1% no trimestre, devido à “elevada qualidade dos activos e liquidez, refere a instituição, acrescentando que “a margem financeira aumentou 75,3% em termos homólogos e 7,8% no trimestre, reflectindo o aumento das taxas de juros ocorrido desde Outubro de 2021”.
Em sentido inverso, os custos operacionais aumentaram 34,5% em termos homólogos e diminuíram 31,8% no trimestre, particularmente devido a contribuições obrigatórias.
Os rácios de capital total (TCR) fixou-se em 12,36% e o T1 em 9,45%, abaixo dos requisitos exigidos de 13,5% e 10,8%, respectivamente.
“A diminuição dos rácios de capital resultou da redução dos fundos próprios em 14,2%, em consequência da constituição de provisões para as moratórias de crédito e das provisões para riscos legais associados à carteira de crédito hipotecário denominado em CHF”, refere o comunicado.
De acordo com a legislação polaca, este nível de capital levou o banco a activar o Plano de Recuperação (Capital Recovery Plan), “estimando restabelecer os níveis de capital acima dos requisitos regulamentares no menor tempo possível, através da combinação da melhoria da rendibilidade operacional e medidas de optimização de capital, nomeadamente através de operações de securitização”.