É a primeira vez em mais de sete décadas que a Organização Miss Universo é propriedade de uma mulher. A empresária tailandesa Jakapong Jakrajutatip comprou a organização responsável pelo conhecido concurso de beleza, informou a empresa nesta quarta-feira.
Jakrajutatip é uma celebridade tailandesa e activista pelos direitos transgénero, além de ser a principal accionista da produtora JKN Global Group Pcl (JKN), responsável pelas versões locais de reality shows como Project Runway ou Shark Tank, de que Anne (como também é conhecida) é apresentadora.
A magnata da comunicação social sempre se abriu publicamente sobre a sua experiência enquanto mulher transgénero, o que a motivou a criar a Fundação Life Inspired, onde dá a voz pelo direito à dignidade e igualdade de oportunidades para esta comunidade.
Comprar um projecto como a Miss Universo será mais um passo nesse caminho. “Às vezes o universo mexe com algumas coisas para permitir que outras fantásticas surjam. A mudança é sempre boa. De facto, a evolução é comum e os seres humanos são sempre sujeito da força da mudança”, escreveu Anne no Instagram, na terça-feira, antes de ser anunciada a compra do concurso de beleza.
Mais tarde, anunciava-se a transacção. “Procuramos não só continuar o legado do Miss Universo de ser uma plataforma para pessoas de diversas origens, culturas e tradições, mas também para fazer evoluir a marca para a próxima geração”, defendeu a empresária tailandesa, citada pela revista Variety.
O passo é uma “forte e estratégica aquisição” ao portefólio do grupo JKN, acrescentaram, ainda, em comunicado. Jakapong anunciou também que o Miss Universo se pretende expandir na Ásia, no que toca aos conteúdos e oportunidades de merchandising. De acordo com a página oficial da empresa de media, no negócio estão, ainda, incluídos os concursos Miss EUA e Miss Teen EUA, dedicado a adolescentes.
A JKN produz os seus próprios programas, incluindo documentários e dramas de Bollywood, que distribui por toda a Tailândia. O anúncio da compra esta quarta-feira já fez disparar as acções da empresa em 10%. Não foram avançados mais detalhes da transacção, nem o valor que foi acordado.
Até agora o Miss Universo era propriedade da IMG, a empresa de gestão de talentos norte-americanos. O concurso de beleza no formato em que é conhecido existe desde 1952. Entre 1996 e 2002, o ex-presidente dos EUA Donald Trump (também ele estrela de reality shows) foi um dos proprietários da organização. Anualmente, estima-se que a vencedora da coroa receba um prémio monetário de 250 mil dólares (249 mil euros), além de um ano de renda num apartamento em Nova Iorque.
Nos últimos anos, o concurso era transmitido em 165 países, apesar de tais formatos serem altamente contestados nas redes sociais pela sua pertinência. Em resposta, a organização tem procurado renovar as regras e modernizar o concurso. No ano passado, o concurso nacional de beleza do Panamá passou a aceitar mulheres transgénero. Já em Inglaterra, Melisa Raouf tornou-se a primeira participante a desfilar sem maquilhagem.