Dacia Jogger: sem mimos supérfluos, este sete lugares serve pragmatismo às famílias

Conquista pelos traços e linhas de beleza? Muito provavelmente, não. Também não será o carro mais divertido de conduzir. Mas o que falta em emoção ao Dacia Jogger, neste caso de sete lugares, sobra em lógica e pragmatismo.

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O Dacia Jogger é proposto a partir de 17.900€ DR
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Dacia Jogger DR
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,Dacia Jogger Extreme SE
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,Carrinha
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Dacia Jogger DR

Três pessoas (as crianças já deixaram de ter tamanho de crianças, por isso é melhor contá-las como adultas…), duas cadelas (uma de 30kg e outra com dez mal pesados), uma gata, malas com as roupas para as férias, sacos com provisões de supermercado, sacas de ração para os animais, dois colchões de camas individuais. O que parecia uma missão impossível tornou-se fácil num carro como o Jogger, com uma distância entre eixos de quase três metros (2897mm).

Depois de chegados ao destino e descarregado o carro, a facilidade com que se montam os dois bancos da terceira fila faz com que se passe a usar os sete lugares para passeios em que cabem sobrinhos, primos e amigos, numa algazarra típica (e arrumar a chapeleira a um canto, a ponto de me esquecer dela). E até a disposição das três filas como se o carro fosse um anfiteatro admite cantorias em diferentes tons.

O espaço e a habitabilidade no Dacia Jogger de sete lugares são dois dos seus trunfos para se apresentar como um familiar de gema, apesar de não lhe faltarem vozes críticas a apontarem-lhe falhas na segurança — o Jogger pontuou apenas uma estrela no Euro NCAP, não obstante o facto de ter atingido níveis razoáveis na segurança dos passageiros adultos (70%) e crianças (69%).

Mas é importante lembrar que as exigências do Euro NCAP vão para lá das impostas pelos legisladores europeus (e começam a ser questionadas por várias marcas: a directora de Produto e Estratégia da Citroën, Laurence Hansen, por altura da revelação do concept Oli, observou que as exigências actuais do Euro NCAP apenas servem para inflacionar peso e custo dos automóveis e nada têm a ver com segurança).

No caso do Jogger, a ausência de um aviso sonoro para a colocação de cinto de segurança nos bancos da última fila, pensados para serem fáceis de rebater, mas também para simplesmente retirar e arrumar em casa, custou-lhe uma estrela.

De série, o automóvel chega com monitorização da pressão dos pneus, seis airbags, assistência ao arranque em subidas, sistema Isofix nos dois lugares exteriores da segunda fila e assistência de emergência e-Call. A travagem automática de emergência é um dos equipamentos, mas não reconhece peões (o que lhe custou uma boa soma de pontos na avaliação do Euro NCAP).

Já para ter um muito útil sistema de monitorização do ângulo cego é preciso escalar nos níveis de equipamento, onde também se encontram ajudas preciosas num automóvel de mais de 4,5 metros como a câmara de estacionamento traseiro (ainda que as largas superfícies vidradas facilitem a visibilidade em todas as direcções).

Dacia Jogger, detalhe do interior DR
Dacia Jogger, detalhe do interior DR
Dacia Jogger, detalhe do interior DR
Dacia Jogger, detalhe do interior DR
Dacia Jogger, detalhe do interior DR
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Dacia Jogger, detalhe do interior DR

Simplicidade a bordo

O Jogger insere-se num segmento que quase entrou em extinção com o advento dos SUV. E, sendo um MPV (multi-purpose vehicle) compacto, oferece uma posição de condução mais elevada daquela que se encontra numa berlina ou num coupé, sem que seja tão alta como num SUV a ponto de sentirmos o forro do tejadilho. Seja como for, o ajuste dos bancos em altura (manual) é fácil e não demora até se encontrar uma boa posição de condução, sendo o condutor servido por um apoio para o braço direito.

Quem se senta aos comandos não terá de, como muitas vezes acontece em veículos recentes, tirar um curso ou ler o manual do carro para o conseguir operar. A instrumentação é simples de ler, os botões (físicos) da climatização são fáceis de usar e o sistema de infoentretenimento, sendo muito básico, agrada por facilitar mais do que complicar a nossa vida.

A simplicidade está bem visível por toda a parte e é evidente o uso (e abuso) de plásticos duros, ainda que a marca tenha disfarçado as opções de baixo custo com alguns apontamentos em tecido e cromado. Mas não vale a pena dourar a pílula: aqui não há acabamentos premium nem pormenores de luxo. O que também não há é um preço proibitivo para a larga maioria das famílias: o Jogger de sete lugares é proposto a partir de 17.900€ (os valores da versão ensaiada, recheada de equipamento, começam nos 21.200€). Ou seja, a fraca qualidade dos interiores é facilmente explicada — e até justificada.

O conforto dos bancos não será nenhum impedimento para olhar para este automóvel como uma opção, mas vale a pena saber de antemão que uma viagem mais longa vai acabar por deixar o corpo moído. Já os passageiros da segunda fila poderão dar pontos ao facto de terem ao dispor tabuleiros fixados nas costas dos bancos dianteiros, sendo que nem o que se sentar a meio, mesmo não tendo tabuleiro, terá grandes razões de queixume, graças às linhas direitas dos bancos.

Se a ideia for transformar o Jogger num “camião” de carga, mais vale retirar os bancos da terceira fila. Sem estes, arruma-se o mesmo que num cinco lugares: cerca de 700 litros. Com a segunda fila rebatida, que se consegue na proporção de 40/60, o espaço cresce para 1819 litros.

No entanto, a carga de objectos grande pode levantar problemas, já que os assentos, depois de rebatidos, não formam um piso plano. De qualquer das maneiras, no sete lugares, em que os últimos bancos encostam às costas dos da segunda fila, é possível ocupar 565 litros; com os sete lugares ocupados, sobram apenas 160 litros, o suficiente para arrumar mochilas ou sacos de compras no dia-a-dia.

Pouco espevitado, mas poupado

Antes de seguir viagem a bordo do Jogger o melhor é mentalizar-se de que não irá conseguir surpreender ninguém com a mecânica. O MPV pode ser equipado com uma motorização bifuel Eco G, que conjuga um tanque a gasolina com outro a GPL, mas o que conduzimos foi o motor a gasolina TCe de 110cv. Este tricilíndrico sobrealimentado, apoiado por um binário máximo de 200 Nm (que só chega quase às 3000 rotações), mostra-se lento e pouco apto a ultrapassagens em cima da curva, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos, mas cujo tempo estimo ter sido calculado com o carro de 1280 quilos em vazio. A caixa manual, porém, é fácil de usar e, depois de atingir uma velocidade cruzeiro, o automóvel não desilude (a velocidade máxima é de 183 km/h).

Em estrada, mesmo tendo em conta o seu tamanho e as condições nem sempre ideais do asfalto, o Jogger tem um comportamento adequado e nem os 20cm que tem de distância ao solo o fazem adornar em demasia. Mas o melhor é não o atirar para curvas rápidas — e também não é esse o seu propósito.

Depois de se apresentar por um preço difícil de encontrar entre os familiares compactos, sobretudo com sete lugares e tanto espaço, o Jogger volta a marcar pontos na poupança ao olhar para os consumos. A homologação WLTP diz que o veículo gasta 5,7 l/100 km de média em circuito misto, e não é difícil cumprir esse número, o que não deixa de ser uma boa notícia numa altura em que os preços dos combustíveis voltaram a subir.

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