A mulher do Presidente do México acusou, na quinta-feira, a marca de roupa de luxo Ralph Lauren de plagiar desenhos indígenas, que descreveu como uma apropriação do trabalho das culturas pré-hispânicas do país.
“Hey Ralph [Lauren]: Já percebemos que gostam muito de desenhos mexicanos”, escreveu a jornalista e investigadora Beatriz Gutiérrez Müller numa publicação no Instagram. “No entanto, ao copiarem estes desenhos estão a cometer plágio, o que é ilegal e imoral”.
A publicação mostra uma fotografia de um casaco com motivos indígenas coloridos pendurado numa loja. Na etiqueta lê-se Ralph Lauren.
A Ralph Lauren disse à Reuters que ficou “surpreendida” por saber que o produto ainda estava à venda, depois de ter emitido uma directiva para o retirar dos seus canais de distribuição há alguns meses. “Lamentamos profundamente que isto tenha acontecido e, como sempre, estamos abertos ao diálogo sobre o que podemos fazer melhor”, declara num comunicado.
A loja americana de moda prometeu que todos os novos produtos que utilizem desenhos indígenas após a sua estação de Verão de 2023 serão criados sob um modelo de “crédito e colaboração”.
A Reuters encontrou a peça de vestuário actualmente à venda online por centenas de dólares.
“Esperemos que reparem os danos às comunidades originais que fazem este trabalho com amor e sem fins lucrativos”, acrescentou Gutierrez, atribuindo os desenhos às comunidades indígenas de Contla e Saltillo.
Em Portugal, houve um caso similar em 2021, quando a designer norte-americana Tory Burch se apropriou dos padrões das camisolas poveiras, tendo havido uma intervenção do Governo português. Primeiro, a designer tinha, na sua loja online, uma imitação das camisolas poveiras, atribuindo a origem da inspiração ao México; depois alterou para “Póvoa de Varzim Inspired Sweater” e, por fim, excluiu o produto que era proposto por 695€.
O Presidente Andrés Manuel Lopez Obrador lançou uma intensa campanha para recuperar relíquias da herança pré-colombiana do México, desde que tomou posse em 2018, incluindo a apresentação de queixas contra leiloeiras nos Estados Unidos e na Europa, e a recuperação de dezenas de antiguidades mexicanas.
Em Julho, o governo mexicano também pediu à retalhista de moda chinesa Shein que explicasse a utilização de elementos indígenas maias numa das suas peças, levando-a a retirar o artigo do seu site. O governo apresentou queixas semelhantes contra a francesa Louis Vuitton, a designer venezuelana Carolina Herrera, a espanhola Zara e a retalhista norte-americana Anthopologie.