Com o 3, a Polestar arranjou maneira de “dormir com o inimigo”

“Os SUV são um problema”, opina o CEO da marca premium que se dedica a veículos eléctricos. Por isso, a Polestar revelou o 3, que “é um SUV sem o ser”.

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O Polestar 3 será proposto em Portugal a partir de 94.900€ DR

Foi ao som de Aquarius (Let the sunshine in), num pavilhão em Copenhaga e perante uma audiência de quase 900 pessoas, entre clientes, investidores e jornalistas, que a Polestar mostrou ao mundo a sua mais recente aventura no mundo automóvel que, para o CEO da marca, Thomas Ingenlath, é “o SUV para a era eléctrica”. Ou seja: “é um SUV sem o ser”.

O designer alemão, que assumiu os destinos da companhia da sueca Volvo, subsidiária da chinesa Geely, não vira costas à sua herança e assume o design como um dos trunfos para destruir a ideia de que “quem tem um SUV não quer saber” do impacte que este tem no planeta. Vai daí, tentou perceber o que mais atrai os clientes para este tipo de carroçaria e manteve a posição de condução elevada, assim como a ampla abertura das portas para facilitar entradas e saídas. Mas dispensou as formas grandalhonas e tentou combater os “pecados” que reconhece nos SUV: são, diz Ingenlath, “perigosos, agressivos e gastadores”.

Dessa forma, observou o designer chefe do Polestar 3, Maximilian Missoni, neste automóvel que partilha a plataforma com a Volvo, o que lhe assegura a “habitabilidade de luxo” sem que os responsáveis da marca temam um problema de identidade, “o design e a sustentabilidade andam de mãos dadas”.

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A asa a rematar o capô foi incluída para diminuir o arrasto e aumentar a eficiência DR

Para o conseguir, a marca arrumou a bateria entre os eixos, esticando-os até aos cantos do veículo. Depois, rebaixou o tablier, o que lhe permitiu desenhar um tejadilho mais baixo e aerodinâmico (em altura, o 3 tem 161,4 cm) sem prejudicar o espaço interior. Assim, observa Missoni, combinaram-se “códigos de um SUV com os de um desportivo”.

O carro, asseguram, foi idealizado para ser “duro, mas ágil”, ao mesmo tempo que a aerodinâmica foi melhorada com a inclusão — “difícil”, assume o designer — de duas asas: uma no capô e outra a rematar o tejadilho na traseira do carro, que reduzem o arrasto, aumentando a eficiência, ao mesmo tempo que minimizam a turbulência na secção traseira.

Resolvida a estética do lado de fora, a Polestar diz ter-se dedicado a tornar o habitáculo (que garante ser dotado de um “minimalismo sofisticado”) agradável a pelo menos quatro dos cinco sentidos, olhando para o carro como o derradeiro refúgio da população adulta; o lugar onde ainda é possível isolarmo-nos durante breves momentos. Assim, a audição é valorizada com um sistema de som surround Dolby Atmos de 25 altifalantes; o olfacto poupado com um sistema de purificação de ar que, garante a Polestar, elimina até 95% de partículas, 97% de vírus e 99% de pólenes; a visão assistida por um verdadeiro exército de radares, sensores e câmaras; e o tacto, com o uso de materiais premium.

Nos têxteis escolhidos, a marca aponta a política de transparência, assumindo a preferência da pele animal em detrimento dos tecidos ditos vegan, que acusa de serem muitas vezes compostos de microplásticos. “Há muito por perceber sobre a sustentabilidade têxtil”, assume Fredrika Klarén, directora desse departamento, que não hesita em dizer que “o couro [animal] continua a ser o melhor em termos de qualidade”, sendo um aproveitamento de um desperdício da indústria alimentar. No entanto, realça Thomas Ingenlath, “importa saber de onde vem a pele”, certificando a origem do animal, reconhecendo que “é um luxo que tem de ser pago”.

Na segurança, o Polestar 3 chegará com dez airbags, incluindo laterais nas portas dianteiras, podendo ainda vir a ser servido com tecnologia Lidar, capaz de ler dados dos carros à volta (e o torna apto para níveis de condução autónoma mais avançados que a legislação portuguesa permite), e com suspensão pneumática activa (a Polestar garante que, a 90 km/h, há ajustes automáticos ao piso a cada 5cm), com um motor por eixo e vectorização do binário, “de manuseio desportivo”.

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A Polestar diz que o interior é dotado de um “minimalismo sofisticado” DR

A produção do Polestar 3 arranca em meados do próximo ano e o emblema da estrela polar está confiante de que o carro começará a chegar aos mercados após o Verão, mesmo tendo em conta todos os problemas na cadeia de fornecedores. Para tal, vale-se de uma fábrica na China, eliminando o transporte (e respectiva pegada ambiental) de muitos dos componentes, e tem planeada a abertura de uma linha nos EUA para 2024, com o mesmo propósito, não descartando a hipótese de o fazer também na Europa. Além de poupar no transporte dos componentes, a ideia passa por eliminar o transporte marítimo das viaturas e respectivas emissões de CO2, afiançam.

A gama do Polestar 3, que se junta à berlina 2, será composta por duas versões, ambas de tracção integral, graças à existência de um motor por eixo, e com uma bateria de iões de lítio com capacidade de 111 kWh, diferindo entre si na autonomia, potência e prestações.

A versão base, proposta a partir de 94.900€, oferece uma potência de 360 kW (489cv) com um binário máximo de 840 Nm, acelerando de 0 a 100 km/h em 5,0 segundos. A Performance Pack junta mais 28cv para cumprir a mesma distância em menos três décimas de segundo. No entanto, ambas estão limitadas à velocidade máxima de 210 km/h, sendo que a primeira é anunciada capaz de percorrer 610 quilómetros, enquanto a segunda cumprirá 560 quilómetros.

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