Alunos do Técnico lançam foguetão em competição europeia
O foguetão Baltasar protagonizou um dos oito lançamentos efectuados com sucesso durante o evento que envolveu 500 estudantes universitários de 11 países.
A equipa de alunos do Instituto Superior Técnico (IST) conseguiu lançar um foguetão durante a terceira edição do European Rocketry Challenge (EuRoc). O foguetão, baptizado de Baltasar, protagonizou um dos oito lançamentos efectuados com sucesso durante o evento que envolveu 500 estudantes universitários de 11 países.
O EuRoc tem como objectivo desafiar estudantes de licenciatura e mestrado a lançarem os seus foguetes de propulsão sólida, líquida ou híbrida, até altitudes de três mil ou nove mil metros. A equipa do IST competiu na categoria dos três mil metros.
Durante a manhã, no campo militar de Santa Margarida, em Constância, distrito de Santarém, os estudantes portugueses, lado a lado com centenas de estudantes de outros países, afinaram os últimos pormenores da montagem do foguete, mas o lançamento só aconteceu ao fim do dia, devido a questões organizativas e de alinhamento com as outras equipas.
“Este ano estamos mais tranquilos e confiantes, [relativamente à edição do ano passado], temos mais experiência, e melhorámos e reforçámos aspectos técnicos e organizativos, incluindo um design optimizado”, disse à Lusa o porta-voz da equipa RED, Pedro Rosado, para quem o grande desafio deste ano era “manter a performance” e melhorar a avaliação do júri. Na última edição, a equipa não conseguiu recuperar a totalidade do foguete devido à falha do pára-quedas abrir.
Perto das 18h30 chegaria a boa notícia. “Os pára-quedas funcionaram bem e o foguete foi recuperado intacto”, afirmou Pedro Rosado, 20 anos, um resultado que coloca a equipa portuguesa entre os oito lançamentos efectuados com sucesso.
Baltasar e Blimunda
O Baltasar, sucessor do foguete Blimunda, lançado o ano passado, “nomes inspirados na obra de José Saramago”, foi construído por secções e tem seis módulos à base de fibra de carbono, fibra de vidro, alumínio e aço, tem dois metros de altura por 132 milímetros de diâmetro, e um peso de 30 quilos, incluindo os oito quilos de combustível sólido utilizado, à base de nitrato de potássio e sorbitol.
Composta por 70 elementos, a equipa RED foi criada em 2017 e inclui estudantes nas áreas de engenharia mecânica, engenharia aeroespacial, engenharia electrotécnica e de computadores, gestão industrial, engenharia electrónica e engenharia física e tecnológica, entre outros.
“O meu interesse de futuro passa pela indústria aeroespacial, assim como à maioria dos membros da equipa, e é bom vermos que existe cada vez mais interesse e mais investimento nacional nesta área”, disse Pedro Rosado, a frequentar o 3.º ano de Engenharia Aeroespacial, tendo destacado “a experiência adquirida” neste concurso “e a excelente interacção com as demais equipas” participantes.
A terceira edição do EuRoC deveria receber duas equipas portuguesas, mas a Fénix Rocket Team, com elementos da Universidade de Coimbra e da Universidade da Beira Interior, acabou por se retirar da competição a dois dias do início devido a problemas técnicos.
“O motor rebentou num dos testes finais, com uma pressão acima do esperado, e saímos daqui com um misto de entusiasmo e desilusão”, disse à Lusa Júlio Santos, 22 anos, porta-voz da equipa Fénix.
"Despertar” jovens para as engenharias
Organizada pela Agência Espacial Portuguesa, com o apoio da Câmara de Ponte de Sor e o Exército Português, a competição decorre entre os dias 11 e 18 de Outubro, em Ponte de Sor e no Campo Militar de Santa Margarida (Constância), e conta com a participação de 18 equipas europeias, compostas por mais de 500 estudantes, oriundos de 11 países distintos.
Trata-se da 3.ª edição da competição de lançamento de foguetes universitários na Europa, promovida pela Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space.
O EuRoc faz parte da estratégia da Agência Espacial Portuguesa e visa “despertar os jovens para as áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, fortalecendo competências na área do Espaço por meio da pesquisa, educação e cultura científica”, realçou o seu presidente, Ricardo Conde, na abertura do EuRoc.
Conde explicou que o EuRoC “cresceu e consolidou-se” nos últimos anos, sendo hoje “inegavelmente” um concurso de “referência” para estudantes universitários europeus, tendo feito notar que o sector espacial nacional precisa de “aproveitar a apetência destes jovens, bem preparados, para que trabalhem no sector”, tendo em conta os “projectos” e “compromissos de desenvolvimento para a próxima década”.