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Marcelo esclarece: 400 casos de abusos na Igreja “não é elevado” face à “provável triste realidade”

Presidência da República emite nota sobre testemunhos validados pela comissão criada pela Igreja Católica para investigar casos de abusos sexuais.

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Marcelo Rebelo de Sousa assegura que irá continuar a denunciar casos que lhe cheguem Daniel Rocha

Horas depois de ter feito declarações sobre os abusos sexuais denunciados na Igreja, que geraram perplexidade, Marcelo Rebelo de Sousa veio esclarecer que o número de testemunhos (424) validado pela comissão responsável pela investigação “não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal quer pelo mundo”.

O esclarecimento chegou através de uma nota publicada, esta noite, no site da Presidência da República. Ao final da tarde, o chefe de Estado tinha considerado que o número de testemunhos já validado pela comissão não era elevado tendo em conta o horizonte temporal em causa (“há queixas com 60 anos) e as “centenas de jovens” que têm relação com a Igreja. “Haver 400 casos não me parece elevado”, disse, no final de uma visita a uma exposição no antigo Museu dos Coches.

Já esta noite, na nota da presidência, o chefe de Estado sublinha a “importância dos trabalhos” da comissão, “embora lamente que não lhe tenham sido efectuados mais testemunhos, pois este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal quer pelo mundo”.

“Vários relatos falam em números muito superiores em vários países, e infelizmente terá havido também números muito superiores em Portugal”, lê-se na nota, que acrescenta que o Presidente espera que “os casos possam ser rapidamente traduzidos em Justiça”.

Marcelo assegura que irá prosseguir a denúncia deste tipo de casos. “Tal como fez no início de Setembro, transmitindo imediatamente à PGR a denúncia que recebeu, continuará a promover e apoiar todos os esforços para que os abusadores sejam responsabilizados e afastados de qualquer situação que possa permitir a reincidência nestes comportamentos, seja no seio da Igreja Católica ou em qualquer outra situação”, segundo a mesma nota.

Já depois da divulgação da nota, em declarações à RTP, Marcelo assumiu que “qualquer caso” de abuso é grave, sublinhando que cumpriu a lei ao remeter para a PGR uma denúncia de alegado encobrimento de casos de abusos numa escola em Moçambique por parte de D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. O Presidente sublinhou que pôs “a sua própria assinatura e não a do chefe da Casa Civil” quando remeteu o caso para a PGR.

Questionado sobre se sente incómodo por causa das críticas geradas em torno das suas declarações, Marcelo rejeitou a ideia. “Não sinto. A democracia é isso. Só se sente incómodo quem é ditador”, afirmou.

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