Direito ao golo, é o lema que está no emblema do Olympique de Marselha, mas, num Vélodrome sem público, até parecia que era o lema do Sporting, pela forma como entrou em campo. Nem um minuto tinha passado e já Trincão tinha marcado, uma entrada de rompante que antecipava mais uma boa tarde do “leão” na Liga dos Campeões. Mas aquilo que parecia um sonho rapidamente se tornou num pesadelo, muito por culpa da exibição desastrada de Antonio Adán, e a formação orientada por Rúben Amorim acabou derrotada pelo Marselha por 4-1. Erros individuais do experiente guardião espanhol que acabaram por contaminar o colectivo e deixaram o Sporting sem nada nesta terceira jornada da Champions.

O Sporting chegou tarde ao estádio, mas chegou cedo ao jogo. Problemas no trânsito de Marselha atrasaram em cerca de vinte minutos o pontapé de saída, mas, assim que o jogo começou, o “leão” foi direito ao golo. Logo na primeira jogada, Marcus Edwards encontrou Francisco Trincão e o ex-Barcelona fez o que quis de Veretout, antes de encontrar espaço à entrada da área para um remate potente e colocado. Quando a bola entrou na baliza de Pau López, tinham passado apenas 52 segundos.

Era o Sporting a validar desde cedo a estratégia de Amorim para o jogo, a aposta na frente de ataque móvel, sem uma referência mais central (Paulinho ficara no banco). E, pouco depois, os “leões” quase faziam o 0-2, de novo com Edwards na jogada, desta vez a lançar Pedro Gonçalves, mas o guardião espanhol do Marselha ganhou o duelo.

Depois do golo, remetendo para o título desta crónica, o Sporting foi direito ao abismo, empurrado por Antonio Adán, que nunca deve ter cometido tantos erros em tão pouco tempo, imperdoáveis para um guarda-redes com a sua experiência. O primeiro foi aos 13’. Adán levou demasiado tempo a lançar a bola para o ataque e permitiu a aproximação de Alexis Sánchez. Quando, finalmente, se decidiu a dar seguimento ao jogo, o corpo do avançado chileno estava no caminho, a bola fez ricochete e entrou na baliza.

Logo a seguir, aos 16’, novo erro no jogo de pés do guardião espanhol que resultou na reviravolta. Adán movimentou a bola na direcção de Clauss, e o lateral do Marselha rapidamente cruzou para Amine Harit cabecear sem grande oposição e com pontaria – o Sporting já estava em movimentação atacante e foi apanhado em contrapé por mais este erro do espanhol.

Um 2-1 com quase todo o jogo pela frente é mais do que recuperável, mas o Marselha, depois da sua entrada em falso, foi impecável a aproveitar um leão em processo de autodestruição. E aos 24’, Adán voltou a deixar a sua marca final no jogo. Num lance com Nuno Tavares, o espanhol saiu da grande área, jogou a bola com a mão e, justamente, viu o cartão vermelho. Com a sua expulsão, Amorim sacrificou Edwards para meter em jogo o guarda-redes suplente, o uruguaio Franco Israel, que iria fazer os seus primeiros minutos da época.

Na primeira vez que o jovem sul-americano foi chamado a intervir, o Marselha fez o 3-1. Canto de Amine, saída em falso de Israel, e cabeceamento certeiro de Balerdi. Os “leões” nem sequer tiveram tempo para se habituarem à inferioridade numérica e, ainda com mais de uma hora pela frente, o jogo já parecia completamente fora do alcance do “leão”.

Restava a Amorim limitar os estragos, e foi o que tentou fazer, mudando quatro ao intervalo. Entraram Nazinho, Marsá, Sotiris e Paulinho, saíram Nuno Santos, St. Juste, Ugarte e Pedro Gonçalves, e os “leões” até conseguiram equilibrar o jogo tanto quanto podiam, até aos 84’, quando o ex-FC Porto Mbemba fez o 4-1 na recarga após uma jogada individual de Alexis. Era o ponto final numa jornada desastrosa, mas que não compromete as aspirações do Sporting neste Grupo D. E, daqui a uma semana, terá oportunidade para se redimir em Alvalade.