Portugal regista pior sequência de resultados na era Fernando Santos

Nos últimos dez jogos, a selecção nacional venceu apenas 50%, acentuando uma tendência de pioria nos últimos dois anos.

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Reacção de Fernando Santos após o golo da Espanha, em Braga EPA/JOSE COELHO

A derrota com a Espanha, no jogo de encerramento da fase de grupos da Liga das Nações, acentuou o período de tremenda irregularidade que a selecção portuguesa tem experimentado nos últimos meses. Na verdade, o desaire sofrido em Braga foi o terceiro nos últimos dez jogos de Portugal, transformando esta sequência na pior da equipa, em encontros oficiais, desde que Fernando Santos assumiu o projecto, em 2014.

As ambições da selecção nacional para o Campeonato do Mundo do Qatar, que arranca em Novembro, ficaram vincadas no discurso ambicioso do seleccionador, após o triunfo na República Checa e antes do jogo com a congénere espanhola. “O melhor ainda está para vir...”, atirou Fernando Santos, sem querer concretizar, mas numa referência que foi entendida como uma declaração de candidatura ao título mundial.

Nessa altura, Portugal estava a um empate apenas de se apurar para a final four da Liga das Nações, sendo que, diante da Espanha, num contexto favorável, tinha uma real possibilidade de testar a capacidade de se bater com as melhores selecções do planeta – conjuntura que vai encontrar dentro de dois meses, no Qatar. A derrota por 0-1, porém, recentrou o discurso na necessidade de corrigir lacunas e aprender com os erros.

Na verdade, a selecção portuguesa atravessa o período mais errático dos últimos oito anos. Nas últimas dez partidas disputadas, entre o play-off de acesso ao Mundial e a fase de grupos da Liga das Nações, somou cinco vitórias (Turquia, Macedónia do Norte, Suíça e Rep. Checa, por duas vezes), dois empates (Irlanda e Espanha) e três derrotas (Sérvia, Suíça e Espanha).

O quadro agrava-se se tivermos em conta que esta sequência ocorre fora do contexto de uma fase final de um Europeu ou de um Mundial, por regra as competições mais exigentes. No ano passado, por exemplo, Portugal sofreu duas derrotas (Alemanha e Bélgica), mas ambas no decurso do Euro 2020 – em fases de qualificação, até agora a equipa nacional só perdeu com a Ucrânia, no acesso ao Euro 2020, e com a Suíça, na corrida pelo Mundial 2018.

De resto, mesmo se atentarmos na evolução dos resultados por ano civil, a tendência não é encorajadora. Se, em 2014 (o actual técnico entrou apenas no segundo semestre) e 2015, Portugal somou apenas vitórias (na qualificação para o Europeu), entre 2016 e 2020 averbou uma média de um desaire em dez jogos disputados por ano. No ano passado, porém, foram já três derrotas em 12 partidas (com três empates pelo meio) e, em 2022, duas derrotas e um empate em oito encontros, sendo que ainda falta disputar a fase final do Campeonato do Mundo.

“Isto a mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024, portanto, mais directo não posso ser. O futebol é feito disto, as equipas não perdem capacidade por causa de um resultado menos positivo”, reagiu Fernando Santos após a eliminação da Liga das Nações, prova que conquistou na edição inaugural. “[Este jogo] tem de servir para correcções. Temos de manter o nosso padrão de jogo independentemente do adversário”.

Quanto maior o grau de exigência, como é natural, maiores têm sido as oscilações. Contra selecções do “mesmo campeonato”, Portugal tem um registo de seis vitórias, cinco empates e cinco derrotas, sendo que os confrontos com a Croácia têm sido os mais bem-sucedidos (três jogos, três triunfos, um deles nos penáltis), enquanto nos embates oficiais com Espanha ainda não conseguiu vencer (dois empates e uma derrota).

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