Depois de quatro meses preso, Dianov, o defensor de Mariupol, está irreconhecível
O retrato de Mykhailo Dianov, um dos últimos soldados a defenderem Mariupol, na Azovstal, correu o mundo. Quatro meses depois, uma nova fotografia mostra-o irreconhecível, após ser libertado pelas tropas russas.
Na maior troca de prisioneiros entre Kiev e Moscovo desde o início da guerra, a Rússia entregou, a 21 de Setembro, 215 combatentes ucranianos em troca da libertação do milionário Viktor Medvedchuk, amigo próximo de Putin. Entre eles, estava Mykhailo Dianov, um dos últimos soldados a defenderem Mariupol, no interior da fábrica Azovstal.
Durante o cerco russo à cidade portuária, um retrato seu, tirado por Dmytro Kozatsky, correu o mundo através de jornais e das redes sociais. Nas trincheiras improvisadas do complexo da Azovstal, onde se manteve durante vários meses até à rendição, em Maio, Dianov aparecia com um braço ao peito, enquanto com a outra mão fazia um V, em sinal de vitória.
Repetiu o gesto quando foi libertado pelas tropas russas, na última semana. Quatro meses depois, uma nova fotografia de Dianov num hospital de Kiev mostra-o irreconhecível.
De acordo com a irmã, Olena Lavrushko, Dianov ficou ferido durante a defesa de Mariupol e não recebeu quaisquer cuidados médicos enquanto esteva preso, o que agravou uma fractura num braço, evidente na fotografia agora divulgada.
“Está numa condição física muito complicada, mas psicologicamente é muito forte. Está muito feliz por estar de volta. Diz: ‘Ando e respiro ar puro e livre’”, garantiu a irmã ao jornal ucraniano Ukrainska Pravda. Antes de ser operado ao braço, a prioridade é recuperar peso, já que terá perdido quase um terço da massa corporal durante os últimos meses, explica Olena Lavrushko.
“Vejam como os diminuíram”, reforçou Katherina Prokopenko, mulher do comandante do regimento Azov Denys Prokopenko, ao diário Corriere della Sera. “Esta foto é um murro no estômago”, disse, referindo-se à fotografia de Dianov.
“Estou muito feliz por o meu marido estar vivo, por ter sido extraditado para a Turquia [parte do acordo entre Kiev e Moscovo], mas preocupada com os outros prisioneiros, são milhares. A nossa luta ainda não acabou”, disse Katherina Prokopenko aos jornalistas a partir de Washington, onde esteve para apelar a uma tomada de acção relativamente aos prisioneiros de guerra ucranianos por parte do Governo norte-americano.
“Ainda não me disseram quando nem onde posso visitá-lo. Ligou-me da Turquia, foi um telefonema muito curto, menos de um minuto. Disse-me que está num sítio seguro, a fazer exames médicos, e que me ama”, contou.
Cumprindo o acordo sobre a troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia, os combatentes de Kiev deverão permanecer na Turquia até um cessar-fogo na guerra.
Ainda assim, antes de sair da Ucrânia para a Turquia, Mykhailo Dianov pôde voltar a ver a filha, num reencontro filmado e partilhado no Twitter pelo conselheiro do Ministério da Administração Interna da Ucrânia, Anton Gerashchenko.