Piano de Catherine Morisseau em concerto itinerante pela Quinta dos Ingleses
A pianista francesa Catherine Morisseau junta-se ao movimento em defesa da Quinta dos Ingleses contra mega-urbanização em Carcavelos. Este sábado, a partir das 15h.
Nascida em Paris e radicada há anos em Lisboa, a pianista Catherine Morisseau já tem posto o seu piano ao serviço de várias causas ambientais, tocando-o em cima de uma carrinha aberta. Desta vez, resolveu juntar-se à causa dos que defendem a Quinta dos Ingleses de um projecto que se arrasta há décadas e prevê a construção de um enorme empreendimento num terreno com 51 hectares, junto à praia de Carcavelos, no concelho de Cascais.
Segundo a associação SOS Quinta dos Ingleses, constituída em 24 de Junho de 2021 na sequência de um antigo movimento cívico, “Catherine Morrisseau e o seu piano vão deslocar-se ao longo da vila de Carcavelos, dando continuidade ao concerto dentro da Quinta dos Ingleses”, onde estarão muitos cidadãos que se opõem à “megaconstrução que prevê a destruição de milhares de árvores ali existentes e todo o ecossistema”. O ponto de encontro, segundo a mesma associação, será às 15h no cruzamento da Estrada da Torre com a Rua de Itália, em Carcavelos, percorrendo depois várias artérias da vila.
Catherine Morriseau, cuja forma inovadora de divulgar a sua arte foi recentemente objecto de um documentário no programa Linha da Frente da RTP, nasceu e passou a juventude em Paris antes de se apaixonar por Portugal quando, aos 18 anos, trabalhou em voluntariado na Beira Alta (Aguiar da Beira). Com formação em piano clássico, voltou mais tarde a Portugal, completados os estudos em Paris, vindo a fixar-se em Lisboa. Tem um álbum gravado, Myriades, editado em 2018, com composições como Metamorfoses do azul, Par les soirs blues d’Été, Les amours éperdues ou Mar salgado que te levou.
O movimento em torno da Quinta dos Ingleses é antigo e tem sido frequentemente noticiado na imprensa. Em 2018, o PÚBLICO dava conta do protesto de moradores contra a projectada mega-urbanização, seguido de uma petição assinada por mais de cinco mil cidadãos, que foi depois entregue na Assembleia da República. Os protestos continuaram no ano seguinte, 2019, sendo anunciado em 2021 que o contestado projecto estava em consulta pública. Em Março de 2021, e ainda no PÚBLICO (no P3), o tema foi também objecto de um artigo de opinião assinado por Filipe Lisboa, doutorando em alterações climáticas, intitulado “A Quinta dos Ingleses esmagada pelo betão”.