Ryanair, a melhor low cost da Europa? Vence pela primeira vez os “óscares” das companhias aéreas
Qatar Airways conquista outra vez a distinção mundial dos World Airline Awards 2022. Mas a surpresa chega noutra lista: a Ryanair, ao fim de quase quatro décadas de história, estreia-se como “a melhor” da Europa nos voos de baixo custo, batendo a Vueling e easyJet.
Para a Qatar Airways, nada de novo em ser considerada a melhor companhia aérea do mundo nos World Airline Awards. Além de ser a sétima vez que lidera a lista, e a terceira vez consecutiva, este é um ano de grandes investimentos, incluindo em promoção, graças ao (muito polémico) Mundial de Futebol. No resto da lista, agora divulgada, também não há grandes surpresas: seguem-se a Singapore, a japonesa ANA, a australiana Qantas, a Japan Airlines, a Turkish Airlines, a Air France, a Korean e, a fechar o top 10, a Swiss que deverá ter batido a British por décimas (ficou em 11.º o, para alguns, orgulho aéreo do Reino Unido).
Nas restantes listas, há mais vencedores já esperados e que habitualmente estão nos topos das preferências e votações dos passageiros: a Turkish vence como “a melhor” companhia aérea da Europa, a Emirates tem a melhor económica, a Qatar a melhor executiva, a Singapore a melhor tripulação de cabine e, também sem qualquer surpresa, em matéria de segurança sanitária e limpeza ninguém bate o Japão (que agora mesmo anunciou só ir reabrir ao turismo global, dois anos e meio depois, em Outubro), no caso a ANA. Nas várias categorias as campeãs de prémios são a Qatar e Singapore, com sete cada.
A surpresa está toda, precisamente, no feito da Ryanair. Tão habituada a ostentar a faixa d’ “a maior low cost da Europa” como a ser criticada, a companhia fundada em 1984, na Irlanda, que, já nos finais do séc. XX, se tornou uma gigante dos voos low cost (por via das decisões e estratégias aguerridas do seu então jovem gestor, Michael O'Leary, actualmente, aos 61 anos, CEO do grupo), vai finalmente poder ostentar o “óscar” de melhor low cost da Europa. E logo numa altura em que a sua principal estrela avisou que “vão acabar os voos baratos": preço médio de 50 euros será o novo normal, dizia O'Leary.
Para o CEO da holding e companhia este “óscar” será decerto uma alegria e uma vitória; para a Vueling (melhor da Europa em 2021, este ano apenas declarada “rainha” de Espanha) e Easyjet (6.ª em 2021, 7.ª este ano), uma triste derrota: ainda no ano passado eram as duas low costs europeias mais pontuadas, à frente da Ryanair, que se ficava pelo 8.º posto e que agora levantou acelerou e bem.
Este ano em 4.º lugar na lista mundial, a Ryanair, na classificação global, fica assim atrás apenas da malaia AirAsia (melhor do mundo), da Scoot (do grupo da Singapore Airlines) e da Southwest Airlines, gigante dos EUA. Na CNN, uma análise aponta para duas razões que podem ter contribuído para esta mudança de paradigma: num cenário de caos na aviação, sob tempestade de cancelamentos e alterações de voos, a companhia foi das que menos cancelou viagens; por outro lado, sempre que grandes companhias cancelaram centenas de voos apressou-se a propor “voos de resgate”.
Os World Airline Awards, que desde foram criados em 199 são chamados de “óscares” da aviação, apresentam-se como “totalmente independentes e imparciais”, destacam os organizadores: “todos os inquéritos feitos junto dos consumidores, assim como eventos de prémios, são pagos pela organização, a Skytrax”.
A Skytrax é uma das grandes empresas de consultadoria, com base no Reino Unido, dedicadas à aviação: tem um célebre site, à TripAdivsor, onde os passageiros com voos verificados podem deixar as suas avaliações e comentários, a Airlinequality.com, "fórum independente para passageiros”.
“Não há honorários a pagar para entrar nas pesquisas”, qualquer companhia poderá ser nomeada pelos consumidores, “nenhum pagamento a fazer para participar na gala”, “nenhum pagamento a fazer por usar logos do prémio ou os seus resultados pelas companhias aéreas”. Outros dados divulgados pela organização: “13,4 milhões de entradas de consumidores na pesquisa”, “as entradas com IP-utilizador duplicados são apagadas”, “mais de cem nacionalidades de consumidores”, “mais de 350 companhias aéreas” incluídas nos resultados.
Há mais “asas de ouro"
Entre outros vencedores, a Delta Air Lines (América do Norte, seis prémios), Turkish (melhor da Europa e mais três prémios), Vistara (melhor da Índia e Sudoeste Asiático, idem para melhor tripulação de cabine), Air France (melhor da Europa Ocidental), airBaltic (melhor na Europa de Leste), Ethiopian (melhor em África - Royal Air Maroc é a melhor regional), Finnair (melhor da Eurpa do Norte — a Norwegian é melhor low cost nesta região), LATAM (melhor da América do Sul). São muitos os prémios e a lista completa de categorias e distinções está aqui.
De realçar que algumas das maiores e mais célebres companhias aéreas da Europa e do mundo não saíram muito galardoados desta gala, e os seus galardões não vão chegar para encher mais uma prateleira da sede: a British fica-se por dois prémios (melhor equipa e tripulação na Europa), a AirFrance também dois (a melhor no Ocidente europeu e melhor limpeza de cabine no continente), a gigante norte-americana United apenas um (e mais específico impossível: melhor lounge de executiva na América do Norte). Já a Iberia (grupo da British) ou a KLM (grupo Air France) e a Lufthansa (em nome próprio, já que houve prémios para Swiss e Eurowings, do mesmo grupo).
Quanto às portuguesas, nomeadamente, a TAP não há presença(s) em nenhumas das listas destes “óscares” aéreos — mas, ressalve-se, este ano a TAP até teve boas notícias da parte de outros galardões populares: a AirlineRatings declarou-a a companhia mais segura da Europa para 2022 (e a quinta do mundo) no início do ano.