Portugal soma mais nove casos de varíola-dos-macacos

Números mantêm-se baixos desde meados de Agosto, confirmando a tendência de redução de novos casos no continente europeu.

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Desde meados de Agosto que Portugal tem mantido um registo abaixo dos 30 novos casos confirmados de varíola-dos-macacos DADO RUVIC/REUTERS

Na semana em que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) definiu os grupos elegíveis para a vacinação preventiva contra a varíola-dos-macacos, mantém-se a tendência de redução de novos casos da doença. Desde a última quinta-feira, a DGS confirmou mais nove casos, somando desde o início do surto 917 pessoas infectadas em Portugal.

Os números mostram a tendência decrescente de casos em continente europeu, que levaram o director europeu da Organização Mundial da Saúde, Hans Kluge a afirmar que é possível “eliminar a transmissão entre humanos de varíola-dos-macacos” na Europa.

Desde Maio, quando foram confirmados os primeiros casos em Portugal, que a maioria dos infectados são homens e jovens, algo que se mantém nesta fase. Apenas 1% dos casos são referentes a mulheres. Em termos regionais, também se mantém a tendência: a maioria dos casos (77,5%) centra na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Esta terça-feira, a DGS publicou a norma de vacinação que avança com a administração preventiva de doses da vacina contra a varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX) – uma medida que estava em cima da mesa desde Julho.

De acordo com a indicação dada, a vacinação abrange pessoas que fazem profilaxia pré-exposição (PrEP, comprimido diário ou intermitente eficaz na prevenção da transmissão do VIH), bem como profissionais de saúde com elevado risco de exposição. São elegíveis também, de acordo com esta norma, homens que têm sexo com outros homens com VIH e que tenham sido diagnosticados com uma infecção sexualmente transmissível no último ano (IST); homens que têm sexo com outros homens com imunossupressão grave; e homens que têm sexo com outros homens e pessoas trans que sejam profissionais do sexo.

Esta estratégia de vacinação alargada já está activa, mas a identificação de quem está elegível está dependente de uma declaração médica de elegibilidade. Estas declarações podem ser obtidas em consultas de PrEP, de tratamento de infecção VIH, de tratamento de infecções sexuais transmissíveis nas especialidades de infecciologia ou dermatovenereologia ou de consultas médicas em organizações comunitárias ou não-governamentais para populações-alvo – como é o caso do GAT Checkpoint LX, em Lisboa. Para os profissionais de saúde, a declaração pode ser obtida em consultas de saúde ocupacional ou de medicina do trabalho.

A estratégia preventiva pretende vacinar pessoas que possam estar em maior risco no actual momento do surto, dado que a transmissão tem sido observada maioritariamente entre homens que têm sexo com outros homens.

A definição dos grupos prioritários deixa de fora pessoas com múltiplos parceiros, parceiros anónimos ou novos parceiros, como a actual secretária de Estado da Promoção de Saúde, Margarida Tavares, referiu no final de Julho ao PÚBLICO. Ficam de fora também homens que têm sexo com outros homens, um dos grupos que 26 organizações da sociedade civil tinham apelado para que fosse incluído.

Um possível novo alargamento, quando forem distribuídas as 170 mil doses contratualizadas no início deste mês pela Comissão Europeia, poderá ser considerado pela DGS. Questionada pelo PÚBLICO sobre a justificação para a definição das pessoas elegíveis para a vacinação preventiva e também sobre um futuro alargamento, a DGS não respondeu até esta quinta-feira.

A limitação de vacinas disponíveis ou o controlo da população que acede às vacinas são algumas das justificações possíveis, mas a DGS ainda não respondeu ao PÚBLICO sobre estas questões.

Em Portugal, até 18 de Setembro, com a estratégia de vacinação dos contactos com casos suspeitos ou confirmados, foram vacinadas 479 pessoas. Esta vacinação após a exposição ao vírus também continuará a ser aplicada.

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