Portugal retira candidatura de João Leão ao Mecanismo Europeu de Estabilidade

O ex-ministro das Finanças luxemburguês Pierre Gramegna também desistiu da corrida. Líderes europeus tentam resolver impasse na substituição de Klaus Regling.

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João Leão foi ministro das Finanças depois de Mário Centeno e antes de Fernando Medina Daniel Rocha

O ex-ministro das Finanças João Leão já não é candidato ao cargo de director-geral do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o organismo responsável pela gestão do fundo de resolução da zona euro.

Igualmente fora da corrida para o posto está o candidato avançado pelo Luxemburgo, Pierre Gramegna, ex-ministro das Finanças do país onde o Mecanismo Europeu de Estabilidade está sediado.

“O Ministério das Finanças informa que as candidaturas dos ex-ministros das Finanças português e luxemburguês João Leão e Pierre Gramegna ao cargo de director-geral do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) foram retiradas de comum acordo no interesse da instituição”, informou o Governo, em comunicado.

O processo de selecção do sucessor do alemão Klaus Regling, que foi o único director-geral do MEE desde a criação desta instituição, em 2012, tinha caído num impasse que se provou inultrapassável.

Apesar de contarem com fortes apoios, nenhum dos dois candidatos conseguiu alcançar a maioria qualificada de 80% dos votos que é exigida para a nomeação, em várias rondas de votação entre os ministros das Finanças da área do euro.

A candidatura de João Leão mereceu o apoio de Espanha, Itália e outros parceiros do Sul, enquanto Pierre Gramegna coleccionou apoios do bloco tradicionalmente designado como “frugal”, composto pelos países do Norte. A França votou pela eleição do português, mas sem o voto da Alemanha, João Leão não conseguiu atingir os 80% necessários.

“Para evitar um impasse e para não prejudicar a sucessão de Klaus Regling, as duas candidaturas foram retiradas da disputa a partir de hoje. O presidente do Eurogrupo e presidente do Conselho de Governadores do MEE, Paschal Donohoe, informará oportunamente sobre o processo subsequente”, lê-se no comunicado enviado às redacções pelo Ministério das Finanças.

Regling, que conclui o seu mandato a 7 de Outubro, já por várias vezes indicou disponibilidade para se manter em funções pelo tempo necessário à escolha de um sucessor.

Mas segundo fontes europeias, o presidente do Eurogrupo acredita que ainda será possível concluir o processo de nomeação antes desse prazo.

Paschal Donohoe já iniciou um processo de consultas para tentar identificar um nome que possa reunir o consenso de todos os países da zona euro.

A candidatura de João Leão a director-geral do MEE foi oficializada no início de Maio, com o Governo a justificar a sua aposta com o “mérito próprio” do ex-ministro, mas também pelo bom desempenho e a credibilidade do país na gestão das finanças públicas.

O ex-ministro português foi um de quatro concorrentes: além do Luxemburgo, também a Itália e os Países Baixos avançaram nomes para o cargo. O candidato holandês desistiu após a primeira ronda de votação, e o italiano retirou-se da corrida em Julho — deixando em jogo apenas os dois ministros dos países que habitualmente servem para desempatar as votações.

O Governo não tenciona apresentar outra candidatura ao cargo. Lisboa promete participar “activa e construtivamente” na escolha do futuro director-geral do MEE.

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