Pelo menos 81 mortos em confrontos entre Tajiquistão e Quirguistão

Os dois países mantêm uma disputa fronteiriça desde o fim da União Soviética.

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Blindado quirguiz destruído na província de Batken Reuters/VLADIMIR PIROGOV

Pelo menos 81 pessoas morreram na última semana em consequência de confrontos armados numa zona fronteiriça entre o Quirguistão e o Tajiquistão.

Os dois países da Ásia Central, que partilham uma extensa fronteira de quase mil quilómetros, envolvem-se regularmente em disputas devido a questões fronteiriças mal resolvidas e sobretudo por causa do acesso à água, que é um bem essencial à vida e à economia de ambos, mas que está a tornar-se cada vez mais escasso.

Desta vez, o Ministério quirguiz dos Negócios Estrangeiros acusa o Tajiquistão de levar a cabo “uma agressão militar planeada” e de “traiçoeiramente pôr em causa a integridade territorial e a soberania” do país. O Tajiquistão, por seu turno, acusa o país vizinho de ter começado as hostilidades ao bombardear alvos militares e civis. Ambos os lados dizem que o outro está a recorrer a artilharia pesada, tanques e outros veículos blindados.

A zona mais crítica das tensões é perto da cidade de Batken, no Quirguistão, onde se têm registado bombardeamentos e incursões terrestres tajiques. Na própria cidade também houve registo de ataques, embora esta se situe a alguma distância da fronteira.

Os serviços de emergência quirguizes afirmam que pelo menos 12 pessoas morreram ali, elevando o total de mortos para 46 no lado do Quirguistão desde que os confrontos começaram, na segunda-feira passada. Há ainda cerca de 140 mil pessoas que se viram obrigadas a deixar a região. O Tajiquistão diz ter registado 35 mortos até ao momento.

Muitos dos que fogem dirigem-se para o enclave de Sokh, um pedaço de terreno que pertence ao Uzbequistão no interior do Quirguistão. Nesta zona do globo, as fronteiras entre países foram herdadas das divisões administrativas existentes na extinta União Soviética e os Estados que dela resultaram mantêm divergências há 30 anos. Por exemplo, só cerca de metade da fronteira entre o Quirguizistão e o Tajiquistão está demarcada e é reconhecida por ambos os países.

O actual Presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, tomou posse em Janeiro do ano passado e fez da resolução das disputas fronteiriças uma das suas bandeiras políticas.

O Governo tajique acusa os quirguizes de se referir ao país como “inimigo” e de terem montado uma campanha mediática contra o Tajiquistão, presidido desde 1994 por Emomali Rahmon.

Ambos os países têm bases militares russas e ligações históricas fortes à Rússia. Este domingo, anunciou o Kremlin em comunicado, Vladimir Putin telefonou a ambos os chefes de Estado para lhes pedir que resolvam as disputas “exclusivamente por meios diplomáticos, políticos e pacíficos o mais depressa possível”.

Notícia corrigida a 19.9.2022, alterado o nome do Quirguistão

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