Vídeo mostra grupo Wagner a recrutar reclusos para combater na Ucrânia
Independentemente do crime, liberdade e amnistia total são prometidas pela rede de mercenários Wagner em troca de alguns meses de serviço.
O fundador do grupo Wagner, uma rede de mercenários com ligações a Vladimir Putin, foi filmado numa prisão a tentar recrutar reclusos para lutar na guerra na Ucrânia. Rodeado de prisioneiros, Yevgney Prigozhin promete: “Ninguém volta a ficar atrás das grades.”
“Se servirem seis meses, estão livres”, explica Prigozhin, num breve discurso em que explica que só serão considerados homens entre os 22 e os 50 anos de idade. “Se chegarem à Ucrânia e decidirem, no primeiro dia, ‘estou num sítio onde não quero estar’, são designados desertores e segue-se uma execução pelo pelotão de fuzilamento”, clarifica.
Os homens têm escassos minutos para tomar uma decisão.
O vídeo, que começou a circular esta semana na plataforma de mensagens Telegram, confirma os relatos a circular nos últimos meses sobre membros do grupo Wagner a visitar prisões em várias regiões russas para recrutar reclusos.
Confirma-se também a retórica usada: liberdade e amnistia total a em troca de alguns meses de serviço. O motivo que levou os reclusos à prisão é irrelevante. “Temos muito cuidado com aqueles [reclusos] condenados por crimes sexuais”, ouve-se Prigozhin dizer durante o discurso. “Mas percebemos que os erros acontecem.”
O grupo Wagner é acusado há anos de crimes de guerra em África, na Síria e na Ucrânia. Recentemente, vários mercenários da rede foram ligados ao massacre na cidade ucraniana de Bucha, onde centenas de civis foram executados a tiro.
"Ou são reclusos ou são os vossos filhos"
O conteúdo do vídeo, que se tornou viral em sites e plataformas de mensagens russas, tem motivado diversas críticas, acentuando o descontentamento de alguns cidadãos russos quanto à estratégia de Putin. Nas últimas semanas, vários nacionalistas russos começaram a criticar o silêncio de Putin sobre as perdas na Ucrânia na plataforma online Telegram.
O líder do grupo Wagner, Yevgney Prigozhinn, defende-se. “Ou são empresas militares privadas e reclusos, ou são os vossos filhos – decidam”, escreveu num comunicado partilhado nas redes sociais pouco depois de o vídeo se ter tornado viral.
O comunicado não confirma nem desmente directamente a veracidade do vídeo.
O Ministério da Defesa britânico acredita que a estratégia de recrutar reclusos prova que a Rússia está a enfrentar uma escassez “crítica” de combatentes e que apesar dos esforços de retaliação o exército russo está “severamente degradado”.