Ucrânia diz ter eliminado cem militares russos em Kherson

Kiev anuncia vários progressos no contra-ataque lançado na província que está ocupada pela Rússia desde Fevereiro. Os dois países responsabilizam-se por ataque contra prisão em Donetsk.

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Um dos prisioneiros do Batalhão Azov levados em Maio para a prisão de Olenivka ALEXANDER ERMOCHENKO/Reuters

As forças ucranianas dizem estar a fazer progressos na operação de contra-ataque na província de Kherson, controlada pela Rússia desde os primeiros dias da invasão, em Fevereiro. Entretanto, os dois países trocam acusações sobre a responsabilidade de uma explosão que matou vários prisioneiros de guerra ucranianos detidos num complexo na região de Donetsk.

De acordo com Kiev, o Exército ucraniano já eliminou mais de cem militares russos e destruiu dois depósitos de munições em Kherson. Recapturar a região no sul é actualmente o objectivo primordial de uma operação lançada pelas forças ucranianas. Forçar a Rússia a retirar-se de Kherson representaria um revés significativo para Moscovo que, até agora, tem usado o controlo sobre esta região para organizar ataques contra as cidades de Mikolaiv e Odessa, fundamentais para a tomada de todo o litoral do Mar Negro.

Para além das baixas comunicadas, o Exército ucraniano disse também ter destruído sete tanques russos em Kherson durante combates na sexta-feira. No entanto, nenhuma destas informações foi confirmada de forma independente. O tráfego ferroviário na direcção da cidade foi cortado a partir do rio Dnieper, o que pode deixar as forças russas que ocupam a região sem acesso a fornecimento a partir da península da Crimeia, dizem as autoridades ucranianas.

O contra-ataque ucraniano nesta província pode estar a comprometer os esforços das autoridades instaladas pelo Kremlin para realizar um referendo com o objectivo de consolidar a anexação de Kherson, à semelhança do que foi feito na Crimeia, em 2014.

Uma avaliação do Ministério da Defesa britânico concluiu que o Governo russo está ficar “cada vez mais desesperado” com as baixas nas suas fileiras e o director do MI6, Richard Moore, garantiu que a ofensiva russa está “a perder gás”. Depois de várias semanas de progressos visíveis no Donbass, que culminaram com a tomada total do território da província de Lugansk, as operações russas mais recentes na região vizinha de Donetsk parecem estar numa situação de impasse.

Troca de acusações

A Rússia e a Ucrânia acusaram-se mutuamente pelo ataque, na sexta-feira, contra um complexo prisional na localidade de Olenivka, em Donetsk, que causou a morte de 50 prisioneiros de guerra ucranianos e deixou 73 feridos.

O Ministério da Defesa russo diz que se tratou de um míssil disparado pelas forças ucranianas através do sistema de lançamento de rockets conhecido como HIMARS, enviado recentemente pelos EUA. Moscovo publicou uma lista dos mortos e feridos.

As autoridades ucranianas negam a versão russa e acusam o grupo de mercenários Wagner, com ligações ao Kremlin e que tem actuado na invasão da Ucrânia, de terem feito explodir o complexo para ocultar provas de tortura contra os prisioneiros de guerra. Ainda este sábado circulou em grupos de Telegram pró-russos um vídeo em que era possível ver um militar ucraniano preso a ser castrado a sangue frio por soldados russos. A Amnistia Internacional exigiu a abertura de uma investigação à alegada violação da Convenção de Genebra.

As Nações Unidas querem enviar uma equipa de investigadores a Olenivka para investigar o incidente, mas está a aguardar autorização de ambas as partes, disse o porta-voz Farhan Haq.

A embaixada russa no Reino Unido divulgou uma mensagem, através da conta oficial no Twitter, em que disse que os membros do Batalhão Azov merecem uma “morte humilhante”. “Os militantes do Azov merecem a execução, não por um pelotão de fuzilamento, mas por enforcamento porque não são verdadeiros soldados”, lê-se na mensagem. O Batalhão Azov foi fundado em 2014 por voluntários e sempre teve uma ligação a grupos neonazis ucranianos, mas nos últimos anos foi incorporado nas forças regulares da Ucrânia.

O director da Administração Presidencial ucraniana, Andrii Iermak, denunciou a publicação da embaixada russa, acusando o país de ser um “Estado terrorista”. “No século XXI, apenas selvagens e terroristas podem dizer ao nível diplomático que há pessoas que merecem ser executadas por enforcamento”, acrescentou.

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