Pastéis de nata adoçaram visita de Carlos III a Cardiff, no País de Gales

O normal, num dia útil, é venderem-se cerca de 300 pastéis de nata numa pastelaria cheia de sabores portugueses na capital do País de Gales. Mas, com a visita do monarca, mais parecia sábado.

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Uma das pastelarias da marca Nata&Co situa-se junto do Castelo de Cardiff, no País de Gales DR/Facebook Nata&Co

Na pastelaria portuguesa em frente do castelo de Cardiff hoje “mais parecia um sábado”, com centenas de pastéis de nata vendidos às muitas pessoas que foram saudar o novo rei inglês na sua primeira visita ao País de Gales. Carlos III passou parte da visita no Castelo de Cardiff em audiências, e várias centenas de pessoas aguardaram horas para o ver entrar e sair do local, ainda que de carro.

Enquanto esperavam, descobriram a pastelaria portuguesa Nata&Co, mesmo em frente da porta de saída e entrada do recinto do castelo, e o movimento no estabelecimento “parecia um sábado”, disse à Lusa uma das gerentes do espaço, Paola Ferreira.

O normal, num dia útil, é venderem-se cerca de 300 pastéis de nata nesta pastelaria, enquanto ao fim-de-semana as vendas sobem para entre 400 e 500 por dia.

Além dos pastéis de nata, o que mais se vende é café, mas também sai, à hora do almoço, o bacalhau à brás ou o arroz de pato. A generalidade dos produtos é portuguesa, os nomes estão indicados em português e inglês e a decoração, moderna, lembra Lisboa, Fernando Pessoa e outras referências lusitanas.

Em Cardiff, há duas Nata&Co, mas não são os únicos estabelecimentos portugueses no centro da capital do País de Gales, onde reside uma comunidade portuguesa e de outros países lusófonos, como o Brasil e Angola, que são clientes habituais destes espaços, a par de clientes galeses e muitos turistas, segundo explicam à Lusa os funcionários, todos portugueses, da pastelaria em frente do castelo.

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Carlos e Camila à chegada ao Castelo de Cardiff REUTERS/Andrew Couldridge

A comunidade portuguesa do Reino Unido é a segunda maior da Europa e também uma das mais diversas. Formada por cerca de 400 mil pessoas, de acordo com os dados do Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia, mais de metade chegou depois de 2010, em grande parte resultado da vaga de emigração causada pela crise financeira.

O fluxo desacelerou depois do referendo de 2016, que ditou o Brexit, e quase estancou desde 2020 devido às limitações de circulação durante a pandemia covid-19 e após a entrada em vigor, em 2021, de novas regras mais rígidas para a imigração.

A maior parte da comunidade portuguesa no Reino Unido está concentrada na área metropolitana de Londres, cerca de 40%, e a restante está dispersa pelo resto do país, com alguns focos na região de Anglia (costa Leste de Inglaterra), Ilhas do Canal (Jersey e Guernsey), Leicester, Manchester, Birmingham, País de Gales, Irlanda do Norte e Escócia.
Inicialmente dominada por madeirenses, que se mudaram para o Reino Unido para trabalhar no sector dos serviços, como o turismo e a restauração, a comunidade é actualmente mais variada em termos de naturalidade e de dispersão geográfica.

Com base nas inscrições consulares, 40% dos emigrantes portugueses no país nasceram em Portugal e 17-18% são luso-descendentes, ou seja, nascidos no Reino Unido, adiantou à Agência Lusa a cônsul-geral em Londres, Cristina Pucarinho, em Junho passado.

No entanto, quase um quarto do total, entre 24-25%, são naturais de países lusófonos, como Brasil, Angola ou Timor-Leste, e 18%, nasceram na Ásia, essencialmente na Índia.

“Um fenómeno mais recente são os portugueses da Venezuela de origem madeirense, que têm aqui familiares e amigos e que transitam pela Madeira, mas acabam por se fixar no Reino Unido”, revelou a cônsul.

Paola Ferreira, a gerente da Nata&Co junto ao castelo de Cardiff, é um exemplo desta realidade: é madeirense, nasceu na Venezuela e está no Reino Unido há cinco anos, conta à Lusa. Ao seu lado, uma colega desculpa-se pelo português não ser perfeito, mas nasceu na África do Sul, país onde viveu antes de uma passagem pela Madeira até ao desembarque no Reino Unido, há sete anos.

Existem mais duas pastelarias da marca no Reino Unido, em Bristol e Bath, mas na última que abriu, explica Paola Ferreira, os funcionários já não são todos portugueses porque com o Brexit muitos optaram por deixar a Grã-Bretanha.

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