Cinco frases que nunca devemos dizer aos nossos pais

Que as frases ditas quando não se devia percam sempre para os pedidos de desculpa, os agradecimentos e todas as frases que sabem bem ouvir como um simples “o bolo do meu pai é o melhor” e “as partidas da minha mães são as mais engraçadas”.

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Lembro-me bem das vezes em que ouvi que as palavras têm poder. Muitas vezes, logo depois de, na rotina do dia, lançar a famosa resposta “torta” aos meus pais. Respostas que tantas vezes damos sem pensar e que na avalanche de emoções não medimos o seu impacto.

Houve um momento em que dizia que ia ser cientista das palavras: analisar que reacções bioquímicas eram provocadas por cada frase. E se me tentar lembrar das caras de desagrado ou dos suspiros e respirar fundo dos meus pais quando soltei algumas destas frases, talvez consiga identificar uma série destas respostas que o nosso corpo dá. Enquanto filhos e pais estamos todos numa aventura, a par e passo, a crescer e a aprender ao mesmo tempo, num verdadeiro laboratório de emoções.

Enquanto lia as cinco frases que nunca devemos dizer aos nossos filhos, e acenava com a cabeça a cada uma, ia tentando pensar que frases também não devemos dizer aos nossos pais. Sim, às vezes os nossos pais deixam-nos nervosos, e convenhamos que a paciência não é a melhor virtude de um jovem ou adolescente.

A verdade é que existem mesmo expressões que me apercebi serem quase universais, e que podem ir evoluindo ao longo da nossa vida, mas que têm potencial para deixar qualquer pai ou mãe tristes ou com irritação ou mesmo preocupação. Atire a primeira pedra, ou palavra, quem nunca disse uma destas:

“Tenho que fazer tudo cá em casa”

Pôr a mesa, tirar a roupa da máquina, arrumar os livros da sala, tudo isto pedido quando estávamos tão bem a ver televisão, a ler a nossa aventura preferida ou até quando de repente queremos mesmo estudar. E logo nos insurgimos contra esta colaboração nas tarefas da casa, quando se calhar dar aquela mãozinha nem custava assim tanto.

“Porque é que os outros podem e eu não?”

Ir à festa naquele dia, ter o jogo de última geração, estar até tarde a ver aquele programa, e tanto mais que tanto queremos fazer como os nossos amigos, mas o “não” é a resposta. Um sentimento de injustiça que tantas vezes não nos deixa perceber que em algumas situações esse “não” é a decisão mais sensata.

“Deixa estar, são coisas minhas”

Aquele primeiro desgosto amoroso, a zanga com a melhor amiga, um dia mau na escola, ou até mais tarde o emprego que não está a correr bem, que nos levam a querer ficar no nosso canto. E que por mais perguntas e tentativas de perceber o que se passa, demora até percebermos que é aquele colo que precisamos.

“Já sei quem é o teu filho favorito”

O irmão mais talentoso, o que tem sempre o prato que gosta na mesa, o que nunca tem de fazer tarefas chatas, o que recebeu os melhores brinquedos. Esta é possivelmente a eterna discussão e o argumento mais usado entre irmãos. E sim, no fundo, todos sabemos que o coração dos pais tem espaço para todos.

“Quem sai aos seus, não degenera”

A cada defeito colocado — chata, teimosa, impaciente, distraída — ou acusação de mau feitio, também haverá um “tenho de sair a alguém”. O refúgio dos filhos para mostrarem aos pais que se são assim é por alguma razão (mas que inconscientemente podem ir até ao sentimento de culpa). Claro, este também vale para as coisas boas.

Possivelmente, poderia continuar a enumerar mais umas quantas expressões que fazem parte e nos vão corroendo no dia-a-dia. Como também como cientista das palavras, que brincava querer ser, podia imaginar e desenvolver alternativas a estas. E esses cientistas das emoções e das palavras e tanto mais, andam aí. Temos todos muito a aprender e a trabalhar ao longo deste caminho, com o que também a psicologia nos vai ajudando e ensinando.

E que no fim de contas, as frases ditas quando não se devia, as palavras “tortas”, percam sempre para os pedidos de desculpa, os agradecimentos, os sorrisos e gargalhadas, os abraços e todas as frases que sabem bem ouvir como um simples “o bolo do meu pai é o melhor” e “as partidas da minha mães são as mais engraçadas”.

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