Conversações para transformar Circunvalação numa alameda estão congeladas
Área Metropolitana do Porto anunciou, em 2017, plano para criar ciclovia, canal próprio de transporte público, passeios e árvores mas autarcas querem verbas para assumir a estrada que continua a ser da administração central.
Em 2017, quando apresentaram um programa para transformar a Circunvalação, a via que que liga Matosinhos, Porto, Maia e Gondomar, os autarcas da Área Metropolitana do Porto identificavam uma questão de base: o Estado teria que transferir a estrada nacional para a esfera dos municípios. Cinco anos depois, a mudança de cara da Circunvalação continua bloqueada pela questão da propriedade.
A via continua a ser nacional – a EN 12 – e, para assumirem a tutela da estrada, as câmaras querem receber também o envelope financeiro que permitiria a sua transformação. E foi neste ponto que a conversa com a Infra-estruturas de Portugal (IP) parou, explicou aos jornalistas o vereador do urbanismo da Câmara Municipal do Porto (CMP), Pedro Baganha.
“Essa negociação está suspensa, não existe, porque me dizem que vai ser imposta a sua municipalização” no âmbito do processo de descentralização, disse o vereador, no Porto, à margem de uma conferência organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Esse é um motivo de preocupação para o município uma vez que o envelope financeiro proposto pela IP para transferir a estrada “não é nem de perto, nem de longe, compaginável com as disponibilidades financeiras dos quatro municípios em causa”, assegura Baganha.
O responsável assume que a Circunvalação “não devia ser uma estrada”, mas sim “um boulevard”, uma “avenida que une municípios que antes separava”. Mas a ideia vai ter de esperar.
Há cinco anos, o plano de transformação que previa a instalação de um corredor específico para transporte público, de uma ciclovia, de passeios e mais árvores, teria um custo estimado de 58 milhões de euros. Com o aumento dos preços dos materiais de construção, a previsão não baixou.
Sozinho, o Porto teria que entrar com 33 milhões de euros, acrescentou, sendo que a CMP não aceita assumir a estrada “sem a transferência do correspondente envelope financeiro para a sua transformação”.
A intervenção, para a qual estava desenhado um calendário faseado, previa ainda a criação de 40 novas paragens de autocarro, 2500 lugares de estacionamento. No total, os 17 quilómetros de via que atravessam Matosinhos, Porto, Maia e Gondomar iriam receber 2800 novas árvores.
Apesar de o programa ter sido apresentado em 2017, a ideia é mais antiga. Em 2014, os autarcas já falavam na possibilidade de transformar a via numa alameda. No entanto, para já, a Circunvalação vai continuar a ser pouco amigável para quem anda a pé, de bicicleta e utiliza transportes públicos.