Isabel II. Milhares aguardam numa fila de quilómetros para se despedirem de uma “segunda mãe”
O edifício abriu as portas ao público em geral às 17h e, à medida que as pessoas começaram a passar pelo caixão da rainha, muita gente não saiu sem fazer uma vénia à monarca.
Milhares de pessoas formam uma gigantesca fila que serpenteia o centro de Londres, nesta quarta-feira, reconhecendo sem queixas que poderão ter de esperar horas para ver o corpo da rainha Isabel II que repousa por estes dias, e até ao dia do seu funeral, na próxima segunda-feira, nas Casas do Parlamento.
Alguns até enfrentaram a chuva e dormiram na rua durante a última noite para assegurar a sua posição na fila de acesso ao interior de Westminster Hall, que se poderá vir a estender por mais de 15 quilómetros.
O edifício abriu as portas ao público em geral às 17h, depois do cortejo que acompanhou o corpo desde o Palácio de Buckingham, e, à medida que as pessoas começaram a passar pelo caixão da rainha, muita gente não saiu sem fazer uma vénia à monarca. Ao mesmo tempo, alguns limparam as lágrimas. Quarenta e cinco minutos depois, a fila apresentava-se com mais de quatro quilómetros.
Chegou ao trono há 70 anos, e teve o mais longo reinado da história do Reino Unido. A rainha Isabel II morreu aos 96 anos.
Carla B. Ribeiro,Joana Bourgard,Carolina PescadaOs funcionários governamentais disseram que não conseguiam quantificar com precisão quantos iriam querer prestar uma última homenagem a Isabel II, mas a expectativa é de que sejam mais de 750 mil.
O arcebispo de Iorque, Stephen Cottrell, falando às pessoas da fila, disse: “Estamos a honrar duas grandes tradições britânicas, amar a rainha e amar uma fila de espera.”
Kenneth Taylor, 72 anos, que passou a noite numa tenda para ser um dos primeiros da fila, disse que sentiu um nó na garganta quando viu a rainha. “Perdemos alguém especial”, disse entre lágrimas. “O seu serviço a este país foi realmente firme e inabalável. É provavelmente alguém a quem eu chamaria de a rainha das rainhas”.
Entre os que se reuniram, alguns estiveram presentes para representar pais idosos, outros para testemunhar a história e muitos para agradecer a uma mulher que, tendo ascendido ao trono em 1952, ainda estava a realizar reuniões oficiais do governo apenas dois dias antes da sua morte.
Mark Bonser, de 59 anos, de Doncaster, no Norte de Inglaterra, observou que a rainha era “a segunda mãe de todos”. “Deu-nos 70 anos da sua vida. Tenho a certeza de que posso dar 24 horas da minha, apenas para a honrar”, disse sobre a monarca, que morreu na semana passada, com 96 anos, no Castelo de Balmoral, na Escócia.
A tristeza despertada pela morte de Isabel II já atraiu grandes multidões à Escócia, onde a rainha permaneceu durante 24 horas na Catedral de St Giles, em Edimburgo. Cerca de 33 mil pessoas prestaram a sua homenagem durante esse período. Mas, o memorial de Londres, que dura quase cinco dias e termina na manhã do seu funeral, atrairá muito mais gente.
As centenas de milhares de pessoas previstas para se juntarem à fila serão convidadas a se organizarem ao longo da margem Sul do rio Tamisa, passando por marcos que incluem a gigantesca roda gigante London Eye e uma reconstrução do Teatro Globe de Shakespeare.
Ao juntarem-se à fila, os enlutados receberão uma pulseira colorida que será numerada e lhes permitirá sair da fila para usar a casa de banho ou ir buscar comida e bebida sem perder o seu lugar.
Mais de mil hospedeiras, voluntários e agentes da polícia irão alinhar a rota, com primeiros socorros prestados àqueles que possam achar que a espera é demasiada. O Instituto de Cinema Britânico terá um ecrã ao ar livre a transmitir imagens da rainha e do seu reinado.