Ruto toma posse: “Um menino da aldeia tornou-se Presidente do Quénia”
Numa cerimónia que contou com a presença de mais de 20 chefes de Estado africanos e de cerca de 60 mil cidadãos, William Ruto foi empossado como Presidente da República do Quénia. O seu opositor não esteve presente.
William Ruto tomou posse nesta terça-feira como quinto Presidente do Quénia, uma semana depois de o Supremo Tribunal do país ter rejeitado a contestação dos resultados eleitorais pelo seu opositor, Raila Odinga. Ruto descreveu a eleição como “renhida”, mas sublinhou que venceu como um “trabalhador que luta contra a elite.”
“Um menino da aldeia tornou-se o presidente do Quénia”, anunciou na cerimónia. Vice-presidente na última década, Ruto governa agora em tempos de crise económica, tendo de enfrentar a subida dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o aumento do desemprego e o crescimento da dívida pública.
O dirigente político de 55 anos venceu as eleições no mês passado, apesar das críticas do Presidente cessante, Uhuru Kenyatta, que disse que Ruto “não estava apto para o cargo”. Ambos os lados lançaram acusações de corrupção durante uma campanha profundamente pessoal e amarga.
O sucessor preferido de Kenyatta, o veterano líder da oposição Raila Odinga, acusou Ruto de se envolver em esquemas ilegais para chegar à vitória. Contudo, acabou por aceitar a decisão do Supremo Tribunal que manteve o resultado, pondo fim aos receios de violência, como aconteceu depois das disputadas eleições de 2007 e 2017.
No seu discurso de tomada de posse, Ruto elogiou a comissão eleitoral, as autoridades e os eleitores. “Agradeço aos serviços de segurança por rejeitarem as tentativas de influenciar a vontade do povo”, referiu. Para além disto, prestou também uma homenagem ao seu opositor, que não compareceu à cerimónia. “Vou trabalhar para todos os quenianos, independentemente em quem tenham votado”, garantiu.
Quanto a medidas, Ruto deixou claro que o seu Governo terá como prioridade capacitar os produtores agrícolas de forma a ajudar a reduzir o custo dos bens básicos. “A nossa estratégia para reduzir o custo de vida é capacitar os produtores de alimentos, reduzindo o custo dos consumos agrícolas e combatendo a actual crise económica numa das suas frentes principais.”
Outra promessa passa pelo aumento do orçamento judiciário. Ruto acredita que, desta forma, “vai acabar com a politização do serviço público” e garantiu que este não serve para “fazer recados a qualquer partido ou interesse político” que se imponha.
Por fim, assegurou que vai emitir, imediatamente, directrizes sobre como reverter o manuseio de carga para o porto principal da cidade costeira de Mombaça. Durante a sua campanha, Ruto acusou os cartéis de redireccionarem as operações portuárias para Nairobi e de negarem empregos à população local.
O Presidente terminou o seu discurso inaugural assumindo outros compromissos, nomeadamente a luta contra o desemprego jovem e a promessa de criar um ambiente de negócios favorável para “apoiar as pessoas da economia paralela a organizarem-se em entidades empresariais estáveis e viáveis”.
Na cerimónia, que teve um momento de oração, estiveram presentes mais de 20 líderes africanos e cerca de 60 mil pessoas. Estiveram ainda presentes mais de 10 mil agentes da polícia para garantir a segurança, revelou o secretário principal do Ministério da Administração Interna, Karanja Kibicho.