Máximo de cinco anos: mais de 100 mortes por afogamento

As 23 mortes de Agosto bateram o máximo mensal de mortes em meio aquático em Portugal dos últimos cinco anos.

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Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores diz que falta em Portugal “cultura“ na “relação com o meio aquático” Adriano Miranda

Mais de 100 mortes por afogamento foram registadas desde Janeiro deste ano, um novo máximo nos últimos cinco anos, com o mês de Agosto a somar 23 óbitos, segundo os dados da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores.

De acordo com os números do Observatório do Afogamento da federação divulgados em comunicado, as 23 mortes de Agosto bateram o máximo mensal de mortes em meio aquático em Portugal dos últimos cinco anos. O mês de Julho de 2020 era aquele em que, neste período, tinham sido registadas mais mortes – 21.

O número de mortes deste ano, quando ainda falta contabilizar um quadrimestre, cifra-se em 111.

Em declarações à Lusa, Alexandre Tadeia, da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, referiu poder atribuir-se o aumento das mortes registadas com a “falta de cultura das pessoas na relação com o meio aquático”.

“Por um lado, achamos que as pessoas não sabem identificar os riscos, não sabem o que é um agueiro, os perigos das ondas, que um corpo flutua menos em água doce. Nada disto é ensinado nas escolas e deveria. E, por outro, o período pós-pandemia levou a uma maior procura [das zonas balneares]”, frisou.

Segundo o representante, o padrão de mortes por afogamento em meio aquático tem vindo a manter-se ao longo dos últimos cinco anos: “são mais homens, mais no distrito do Porto e mais no interior”.

Comparando com períodos homólogos desde 2017, altura em que o Observatório do Afogamento começou a fazer os registos, o valor de 111 mortes representa um aumento significativo face ao anterior máximo de 87 mortes ocorridas em 2017.

Em 2018 registaram-se 76 mortes no mesmo período; em 2019 e 2020 registaram-se, em cada ano, 69; e em 2021 ocorreram 76 óbitos.

A maioria das mortes em meio aquático este ano aconteceu no mar (42) e no rio (40), sendo que apenas oito mortes ocorreram em zonas vigiadas e a maioria por desrespeito às indicações de segurança.

Nove pessoas morreram por afogamento em barragens e nove em poços. Os restantes afogamentos verificaram-se em piscina doméstica (três), em porto de abrigo (dois) e, no que se refere a cinco deles, em tanque, lago, cisterna, canal de rega ou piscina oceânica.

O Observatório do Afogamento é um sistema criado pela Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores para contabilizar as mortes por afogamento em Portugal.