Candidatura de Alberto Machado à concelhia do PSD-Porto gera polémica
Críticos contestam que o candidato integre o conselho de gerência da STCP Serviços, cuja maioria do capital social é da Câmara do Porto, e falam de “subalternização” do PSD face a Rui Moreira.
O ex-deputado Alberto Machado, que lidera a distrital do PSD-Porto, está no terreno a recolher apoios para avançar com uma lista à concelhia local social-democrata, mas a sua candidatura é olhada com desconforto por figuras do partido. Ao que foi possível apurar, há uma facção do PSD que está a movimentar-se com vista a uma “candidatura de ruptura”.
Os críticos de Alberto Machado, que é o segundo vereador do PSD na Câmara do Porto, estariam dispostos a apoiá-lo se renunciasse ao cargo que ocupa na STCP Serviços, que é uma empresa subsidiária da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto. Alegam tratar-se de um lugar de “nomeação política” para o qual foi convidado pelo presidente da autarquia, Rui Moreira.
Fontes do partido criticam o vereador por ter aceitado um lugar de “nomeação política” que não está contemplado no acordo de governação que os sociais-democratas assinaram, em Outubro de 2021, com o movimento político de “Rui Moreira: Aqui há Porto”. Alegam as mesmas fontes que, desde o início, a decisão de Alberto Machado de aceitar aquele cargo “criou mal-estar” no PSD. “Uma coisa é a rota de aproximação ao movimento de Rui Moreira, outra coisa é a subalternização do PSD, e, se Alberto Machado for candidato e ganhar, será o símbolo dessa subalternização”, declarou ao PÚBLICO fonte social-democrata.
O presidente da distrital, que liderou a Junta de Freguesia de Paranhos durante vários anos, confirmou ao PÚBLICO que tem estado a fazer contactos para encabeçar uma candidatura, que deverá ser apresentada esta semana. “Ainda não falei com todas as pessoas que queria, falta-me fazer dois ou três contactos”, pormenorizou o ex-deputado social-democrata, convicto que terá as condições para avançar com a candidatura esta semana.
Alinhado com o novo presidente do partido, Luís Montenegro, o vereador da Câmara do Porto quer que a sua candidatura seja o mais agregadora possível, num sinal de unidade do partido. Pedro Duarte, um nome que é frequentemente apontado para candidato à Câmara do Porto, foi convidado para presidir à futura mesa da assembleia de secção e aceitou.
No dia 24, vai haver também eleições para a distrital do PSD-Porto. Sérgio Humberto, que cumpre o terceiro e último mandato à frente da Câmara da Trofa, está na corrida para substituir Alberto Machado. Também no caso da distrital, há algum descontentamento pelo facto de o “Porto não estar devidamente representando.”
“Como é que o PSD quer ganhar a Câmara do Porto nas autárquicas de 2025 se o concelho não está devidamente representado na lista para a distrital?”, questiona um dirigente do partido que critica a “lógica” que preside à candidatura do autarca da Trofa. “O candidato à distrital está a fazer uma lista de autarcas, alguns dos quais estão a cumprir o último mandato”, refere a mesma fonte.
O PÚBLICO sabe que nos últimos dias foram feitas diligências no sentido de a lista incluir um dirigente do partido do Porto a nível de uma das vice-presidências, mas Sérgio Humberto não terá mostrado grande abertura.