Políticos portugueses recordam capacidade de diálogo e contribuição para a paz de Gorbatchov

Diversas figuras políticas reagiram ao falecimento do último líder da União Soviética, recordando-o como um homem “marcante”, “corajoso” ou “favorável ao diálogo”.

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Mikhail Gorbatchov morreu esta terça-feira em Moscovo Reuters/LISI NIESNER

Da esquerda à direita, são vários os políticos portugueses que já se pronunciaram publicamente sobre a morte de Mikhail Gorbatchov, uma figura que recordam como decisiva para a liberdade do mundo ocidental e que consideram fazer falta nos dias de hoje, tendo em vista a guerra na Ucrânia, a qual, dizem, não estaria a decorrer caso o ex-chefe de Estado fosse ainda líder da actual Federação da Rússia. O PCP divergiu na análise.

Enquanto os comunistas criticaram esta segunda-feira o papel de Gorbatchov na queda da URSS e na afirmação do capitalismo na Rússia, num comunicado enviado às redacções, o Presidente da República recordou o ex-líder soviético, num tom bem diferente, como “uma figura marcante, que ficará na história da Rússia e do mundo”.

Numa nota divulgada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Gorbatchov foi “um homem que soube abrir a Rússia ao concerto das nações, ao diálogo e ao compromisso” e que, não só permitiu acabar com “o isolamento da União Soviética”, como libertar as “numerosas nações que a constituíram”.

Na mesma linha, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou, numa publicação no Facebook, que o político russo foi “um fazedor de pontes”, capaz de contribuir “para uma Europa livre”. E frisou que “a acção e o contributo para a paz do último líder da URSS deve, mais do que nunca, ser um exemplo a seguir”, neste “tempo de guerra”.

Da parte do PS, o secretário-geral adjunto do partido, João Torres, sublinhou o papel da “visão política” de Gorbatchov para o “fim da Guerra Fria e para a paz”, evocando o político russo como “uma das personalidades mais marcantes do século XX”, numa publicação no Twitter.

Na mesma plataforma, o presidente do PSD, Luís Montenegro, declarou que Gorbatchov “derrubou muros, construiu paz e abriu a liberdade a milhões de pessoas”. O social-democrata notou ainda que a história reserva “uma página de honra” ao antigo chefe de Estado, com o qual “não tínhamos hoje guerra na Ucrânia”, e que o mundo lhe deve “respeito e gratidão”.

Destacando o “papel dialogante” do ex-líder da União Soviética, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou, em declarações à imprensa, faltarem no presente figuras que, como Gorbatchov, “pugnem, de facto, pelo diálogo”, pela “pacificação dos povos” e pelo “respeito da autonomia”.

Logo na terça-feira, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, lamentou o falecimento de Gorbatchov, que diz ter sido um “homem de Estado único que mudou o curso da história”, um “multilateralista comprometido” e um “incessante defensor da paz”.

Em declarações à Antena 1, o antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, falou de um líder com “boa intenção” e de “um certo humanismo”, que procurou “genuinamente a paz e um sistema pluralista”.

Para o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, trata-se de uma figura “essencial para o fim da Guerra Fria e para a transição democrática no Leste da Europa”.

Do lado dos sociais-democratas, o antigo líder do PSD, Rui Rio, prestou uma “sincera homenagem” a Gorbatchov pelo trabalho “em prol do diálogo e da paz”, na qual sublinhou “a enorme coragem” do líder soviético, a quem, nota, “o mundo ocidental tem de estar eternamente grato”.

Ouvido pela TSF, o actual vice-presidente e eurodeputado do PSD, Rui Rangel, referiu que é “indubitável” que o “mundo livre” se deve “ao seu papel político”. “Foi um líder corajoso e visionário, um líder que colocou os interesses do seu povo numa perspectiva à frente daquelas que eram inicialmente as suas próprias convicções doutrinárias”, afirmou.

Também em declarações à TSF, o eurodeputado socialista, Manuel Pizarro, lembrou que actualmente “teríamos uma Europa melhor” se Gorbatchov fosse ainda líder da Rússia, visto que se mostrou sempre “favorável ao diálogo” e que contribuiu para “o processo de desarmamento e de distensão política” do último quartel do século passado.

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