Morreu Mikhail Gorbatchov, o último líder da União Soviética
Gorbatchov foi o último líder da União Soviética.
Morreu, nesta terça-feira, Mikhail Gorbatchov, o último líder da União Soviética. A informação está a ser avançada pela agência de informação russa Tass, citando fonte hospitalar, que dá ainda conta de que o estadista “foi vítima de doença grave e prolongada”.
Gorbatchov foi eleito líder da União Soviética a 11 de Março de 1985 e tinha 91 anos. Além de ter sido o último líder da União Soviética, é também um dos principais arquitectos do fim da Guerra Fria. De acordo com o seu gabinete, Gorbatchov estava em tratamento no Hospital Clínico Central de Moscovo.
O político, que recebeu o prémio Nobel da Paz em 1990, foi responsável pelo desenho de acordos de redução de armas com os Estados Unidos e parcerias com potências ocidentais para remover a Cortina de Ferro que tinha dividido a Europa desde a Segunda Guerra Mundial, promovendo, dessa forma, a reunificação da Alemanha.
Quando os protestos pró-democracia varreram as nações do bloco soviético da Europa ainda sob controlo soviético, em 1989, Gorbatchov absteve-se de usar a força — ao contrário dos anteriores líderes do Kremlin, que tinham enviado tanques para esmagar revoltas na Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968.
Ao tornar-se secretário-geral do Partido Comunista Soviético em 1985, com apenas 54 anos de idade, propôs revitalizar o sistema, introduzindo liberdades políticas e económicas limitadas, mas estas reformas provocaram algum descontrolo no país.
A sua política de Glasnost — liberdade de expressão — permitiu críticas anteriormente impensáveis ao partido e ao Estado, mas também encorajou os nacionalistas, que começaram a pressionar pela independência nas repúblicas bálticas da Letónia, Lituânia e Estónia.
Gorbatchov será enterrado no cemitério Novodevichy de Moscovo, ao lado da sua esposa Raisa, que morreu em 1999, disse a agência noticiosa Tass, citando fontes próximas da família.
De Putin a Von der Leyen, as reacções à morte de Gorbatchov
O Presidente russo, Vladimir Putin, já lamentou a morte do antigo líder soviético, expressando as suas mais “profundas condolências”, segundo disse à agência Interfax o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembra um “líder de confiança e respeitado” que “desempenhou um papel crucial para pôr fim à Guerra Fria e derrubar a Cortina de Ferro”. Para Von der Leyen, Gorbatchov “abriu o caminho para uma Europa livre”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que, com a morte do último Presidente da União Soviética, “o mundo perdeu um líder global imponente, multilateralista comprometido e defensor incansável da paz”.