Grupos angolanos pedem mobilização da sociedade civil por “vias mais enérgicas” na defesa dos votos
Comunicado subscrito por mais de 20 grupos de todo o país pede à Comissão Nacional Eleitoral que aceite a comparação de actas das assembleias de voto.
Mais de 20 grupos da sociedade civil angolana pediram à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) que aceite a comparação das actas das assembleias de voto e a recontagem de votos para garantir “a verdade eleitoral”, pedindo à sociedade que se mobilize em prol da dignidade do voto, mesmo com recurso a “vias mais enérgicas”.
O comunicado é subscrito por grupos de todo o país como a Sociedade Civil Contestatária Associação de Inclusão e Participação Comunitária, Filhos da Resistência; Placa Pirata em Acção; Libertador de Mentes (LDM);Mizangala (Bengo); Laulenu (Moxico), ROSCCA (Cazenga), Terceira Divisão, etc., que consideram que o processo eleitoral “decorreu num clima de constante irregularidades, sem transparência, justeza e lisura”.
Estes representantes da sociedade civil pretendem que a CNE aceda às pretensões da UNITA, maior partido da oposição angolana, e do Movimento Cívico Mudei para a comparação de todas as atas sínteses com os resultados das assembleias de voto, “de modo a comprovar a vitória do MPLA e, assim, garantir-se a verdade eleitoral expressa nas urnas”.
A Comissão Nacional Eleitoral anunciou na segunda-feira que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) venceu as eleições em Angola com 51,17% dos votos contra 43,95% da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
O MPLA arrecadou 3.209.429 de votos, elegendo 124 deputados, e a UNITA conquistou 2.756.786 votos, garantindo 90 deputados.
As organizações cívicas recomendam também à UNITA “que divulgue, no prazo mínimo de 24 horas, os resultados definitivos de sua contagem paralela” e que sejam anuladas e repetidas as eleições, caso não se consiga comprovar a vitória do MPLA.
“Nós, associados desse colectivo, acreditamos que sem a garantia da verdade eleitoral nos próximos dias, continuam a pôr-se em causa — e de forma perigosa — a segurança do Estado angolano, a paz e tranquilidade públicas”, sublinham.
Convidam ainda a sociedade em geral, a juntar-se a um amplo movimento de defesa da soberania, com vista a estabelecer “uma corrente única de luta em prol da justiça e verdade eleitorais” e, por essa via, “conferir dignidade” ao voto popular, “nem que isso implique a adopção das vias mais enérgicas possíveis”.