Benfica sobrevive ao primeiro susto da temporada

O Paços de Ferreira, muito eficaz, quis pregar um susto ao Benfica, mas os “encarnados” ignoraram e somaram mais um triunfo na I Liga.

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João Mário celebra na Luz Reuters/PEDRO NUNES

O Benfica ainda não tinha estado a perder em jogos oficiais em 2022/23 e apanhou esse susto pela primeira vez nesta terça-feira, frente ao Paços de Ferreira. Mas a agonia durou apenas três minutos. Os “encarnados” responderam rapidamente a um golo inicial pacense e venceram por 3-2 no jogo que tinham em atraso na I Liga.

Com este desfecho, o Benfica chega à liderança do campeonato, com mais dois pontos do que o Sp. Braga, três do que o FC Porto e oito do que o Sporting. Já a equipa de César Peixoto, cujo castigo não o permitiu estar no banco, somou a quarta derrota em quatro jogos.

Os golos foram de David Neres, João Mário e Gonçalo Ramos, que tiraram relevância aos golos de Koffi, cuja eficácia deu ao resultado contornos de equilíbrio, mas apenas para quem não viu o jogo.

Um susto suave

O Paços, que foi à Luz com 12 jogadores ausentes, entre lesionados e castigados, levou a este jogo um 5x4x1 bastante baixo, cuja ideia-base era ocupar o espaço central com muitas “pernas amarelas”. No papel, a ideia era deixar o Benfica refém dos seus laterais para construir jogo ofensivo, já que os interiores estariam condicionados. Na prática, a aplicação do conceito foi bem diferente disso.

A linha média do Paços esteve muitas vezes desconectada da linha defensiva, sobretudo porque o Benfica tem, hoje, médios capazes de colocar passes verticais. Aí, os jogadores que procuravam jogar entre linhas, sobretudo Rafa e Ramos, foram astutos na forma como deram esses apoios frontais logo atrás dos médios e, portanto, longe dos centrais – assim, raramente foram “abafados” pelos defensores pacenses, com receio de subirem demasiado a linha de pressão.

Essa “receita” foi aplicada vezes sem conta e o plano era quase sempre o mesmo: chamar Rafa ou Ramos em apoio e esse jogador tirava rapidamente a bola dessa zona, fazendo-a chegar ao corredor.

Nesse jogo permanente de engodo e atracção a um lado e ataque pelo lado oposto, o Benfica foi conseguindo lances de remate, como aos 15’, aos 36’ e aos 37’, sempre com jogadas semelhantes.

Aos 31’, o Benfica teve um golo anulado por fora-de-jogo, após um desenho táctico interessante numa bola parada – a equipa já soma dez golos em cantos entre jogos particulares e oficiais. Logo a seguir, o Paços também fez da bola parada uma força, com um remate de Antunes após um canto a ser desviado com sucesso por Koffi.

Apesar de ter tido dois lances de transições perigosas (em ambas o Benfica voltou a mostrar incapacidade na transição defensiva, algo que ainda carece de teste contra outro tipo de adversário), o golo pacense não ia ao encontro do que se passava na Luz. E o Benfica reagiu logo a seguir à primeira desvantagem na temporada com uma repetição da tal jogada já tentada várias vezes. Desta vez, feita com mais engenho.

Ramos foi o primeiro a pedir entre linhas, antes de abrir em largura. Bah voltou a colocar a bola entre linhas, dessa vez para Rafa. E com a defesa do Paços desmontada por esse movimento duplo, o português serviu Neres, que rematou na meia direita, de pé esquerdo (o guarda-redes Zé Oliveira foi mal batido).

Aos 45+2’, o guardião pacense voltou a ser protagonista, desta vez com um lance dividido com Bah no qual atingiu o lateral do Benfica. João Mário bateu o penálti e o Benfica já foi descansar em vantagem.

Marcar, gerir e ainda sofrer

Logo após o intervalo, Bah foi lançado por Rafa e finalizou, mas também este golo foi anulado por fora-de-jogo.

Aos 55’, o Benfica resolveu o problema – se é que ainda o era. Como? Com a receita que aplicou desde que entrou em campo nesta terça-feira. Rafa pediu a bola entre linhas, novamente aproveitando o medo da defesa adversária em pressionar o apoio frontal. O jogador português rodou, arrancou, soltou João Mário na esquerda e o médio assistiu Ramos, que finalizou de primeira, antecipando-se ao central e ao guarda-redes.

Aqui, o Benfica tinha decisões a tomar: gerir o esforço ou manter o ímpeto ofensivo. A opção foi a segunda durante alguns minutos, com mais um par de lances ofensivos de qualidade – um deles não deu golo de Ramos, isolado.

Nos últimos 25 minutos a opção foi outra. O Benfica tentou descansar com bola e o jogo tornou-se “morno” e pachorrento – uma equipa sem necessidade de atacar e a outra sem aparente capacidade para o fazer. Mas era apenas ilusão.

Aproveitando a clara descompressão “encarnada”, o Paços conseguiu, numa transição, um lance de finalização para Koffi, que marcou na área aos 81’, com um cruzamento de Delgado.

O 3-2 não tinha total nexo com o que se passava, mas ainda permitiu assustar um Benfica nem sempre capaz de gerir o jogo com bola como fez em alguns períodos entre os 65’ e os 80’.

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