Grávida morre depois de ser transferida do Santa Maria por falta de vagas na neonatologia
A mulher deu entrada no Hospital de Santa Maria na terça-feira passada, queixando-se de dificuldade respiratória e tensão arterial alta. Foi transferida para o Hospital São Francisco Xavier no mesmo dia, por falta de vagas no serviço de neonatologia. Morreu depois de uma cesariana de urgência.
Uma mulher grávida de 31 semanas morreu no passado sábado, depois de ter sofrido uma paragem cardiorrespiratória durante uma transferência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte-Hospital de Santa Maria (CHULN) para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, por falta de vagas no serviço de neonatologia.
A mulher de 34 anos, de nacionalidade indiana e recém-chegada a Portugal, deu entrada no CHULN na terça-feira passada, por volta das 2h, “sem dados de vigilância na gravidez”, queixando-se de “dificuldade respiratória e tensões arteriais altas”.
Segundo o relato do CHULN, enviado às redacções, “após normalização das tensões arteriais e franca melhoria respiratória, foi transferida cerca das 13h do mesmo dia para o Hospital São Francisco Xavier, por ausência circunstancial de vagas de Neonatologia no CHULN, acompanhada por um médico e enfermeiros”. Durante a viagem “ocorreu paragem cardiorrespiratória” tendo os profissionais de saúde “realizado reanimação cardiorrespiratória no transporte”.
Já no Hospital S. Francisco Xavier a mulher foi submetida a uma cesariana urgente. O bebé nasceu com 772g e foi internado na unidade de cuidados intensivos neonatais. O CHULN revela que “a mãe ficou internada nos cuidados intensivos, vindo a falecer”, não especificando a que horas ou em que dia. A TVI, que teve acesso ao relatório clínico, diz que a mulher ficou em coma logo no dia 23 e foi declarado o óbito quatro dias depois, no dia 27.
Ainda segundo a TVI há seis dias que a mulher apresentava hipertensão arterial.
No comunicado o CHULN refere que “a gestão em rede das vagas de Neonatologia é prática corrente há vários anos, sendo o transporte entre hospitais de grávidas estabilizadas a prática recomendada por todas as instituições internacionais”. E salienta que a equipa de ginecologia e obstetrícia da urgência do Santa Maria estava completa.
O PÚBLICO está a tentar contactar o Hospital S. Francisco Xavier mas até agora sem sucesso.