Até ver, não há como parar Evenepoel na Volta a Espanha

O ciclista belga voltou a “descarregar” todos os rivais na alta-montanha, numa exibição de tremendo domínio – sem atacar de forma agressiva e sem sequer se levantar na bicicleta, apenas precisou de impor um ritmo alto, deixando todos os rivais “sufocados”.

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Evenepoel na Vuelta 2022 EPA/Javier Lizon

Como se comportará Remco Evenepoel numa “grande volta”? Vai continuar a correr de forma ofensiva como nas provas de uma semana? Vai responder a preceito na alta-montanha? Consegue durar três semanas? Estas eram as quatro grandes questões sobre o rendimento de Evenepoel na Volta a Espanha 2022 e, até ver, já há respostas às três primeiras.

Neste sábado, o ciclista belga voltou a “descarregar” todos os rivais na alta-montanha, numa exibição de tremendo domínio – sem atacar de forma agressiva e sem sequer se levantar na bicicleta, apenas precisou de impor um ritmo alto, deixando todos os rivais “sufocados”. E ganhou mais de 40 segundos a todos os rivais, algo que ainda aumentará, por certo, no contra-relógio.

Um dos grandes derrotados foi Primoz Roglic, que voltou a vacilar, enquanto João Almeida teve um dia agridoce. Por um lado, voltou a perder terreno para o colega Juan Ayuso, deixando cada vez mais a liderança da Emirates entregue ao espanhol. Por outro, o português acabou por minimizar perdas numa subida que não ia, de forma nenhuma, ao encontro das suas características. Foi, ainda assim, de forma global, um mau dia para o ciclista das Caldas, que chegou à meta depois de vários ciclistas teoricamente menos capazes na montanha.

Contas feitas, Evenepoel acaba o dia com 1m12s de vantagem para Enric Mas e 1m53s para Roglic. João Almeida está em sétimo lugar, a 4m32s da camisola vermelha, a 2m39s do pódio e a 2m04s de Ayuso – diferença difícil de reverter no “crono”, mesmo sendo o português um pouco mais forte do que o espanhol nessa especialidade.

A etapa foi ganha por um dos fugitivos do dia, Louis Meintjes. E já se sabe como aconteceu. À semelhança de João Almeida, também o sul-africano da Wanty gosta de correr de trás para a frente. Chegou a perder o contacto com os companheiros de fuga, mas, com o seu ritmo, apanhou-os a todos e chegou à meta isolado. Mesmo estando longe de ser um ganhador, Meintjes só poderia vencer desta forma.

Muitas horas “vazias”

A etapa teve uma fuga de quase uma dezena de ciclistas, cuja vantagem chegou a rondar os cinco minutos – o aventureiro mais perigoso para a liderança de Evenepoel era Meintjes, a cerca de oito minutos, pelo que não havia motivo para especial nervosismo no pelotão, em geral, e na Quick-Step, em particular.

Thymen Arensman e Richard Carapaz tentaram entrar na fuga e com eles, sim, a equipa belga poderia ter tido problemas – tanto assim seria que chegou a ser o próprio Evenepoel a responder a Carapaz, mesmo que o ciclista da INEOS já esteja a mais de seis minutos.

Mas uma fuga sem ciclistas perigosos para a geral acabou por criar uma etapa inócua, já que a Quick-Step pouco ou nada teve de fazer para controlar a corrida – e os próprios fugitivos pensavam apenas na etapa e não na geral, algo que tornou a etapa algo unidimensional em matéria de estratégias.

Ainda assim, apesar de a etapa ter sido corrida globalmente sem grandes ataques, o português João Almeida chegou a sofrer numa das primeiras escaladas do dia – acabou, como sempre faz, por reentrar aos poucos, ainda que sem especial ajuda da equipa.

E daqui saíram as primeiras indicações de que o dia não acabaria bem para Almeida, até pelo perfil explosivo dos últimos três quilómetros, longe de encaixarem bem na preferência do português.

A dois quilómetros da subida final, Julian Alaphilippe começou a aumentar o ritmo no pelotão, preparando terreno para a aceleração de Evenepoel. Ainda antes de a escalada começar já o grupo estava reduzido pelos cortes feitos pelo ritmo alto e na frente já não havia Almeida – da Emirates apenas Juan Ayuso, que chegou a estar ao ataque.

Com o terreno a inclinar, Evenepoel atacou e subiu sentado na bicicleta, quase sem esgares de sacrifício, quando todos os outros pedalavam em pé e em sofrimento. Foi mais uma demonstração de força do jovem belga.

Para esta segunda-feira está agendado um dia de descanso após seis etapas montanhosas seguidas – três delas de alta-montanha.

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