Biologia
A curiosidade pelas orcas levou Filipa Samarra até à Islândia e por lá ficou à procura de respostas
Desde os cinco anos que Filipa Samarra anunciava que queria ser bióloga marinha e estudar baleias. Hoje é especialista em orcas na costa da Islândia - uma paixão que surgiu na universidade e que continua a entusiasmá-la, pelo tanto que ainda falta descobrir.
O ferry é suficientemente grande para engolir dezenas de carros, autocaravanas e até camiões com contentores, pelo que a chuva e vento fortes não parecem afectar muito a sua navegação, entre o Islândia continental e o arquipélago de Vestmannayejar, onde nos vamos encontrar com Filipa Samarra. Partimos já com a certeza de que parte do nosso objectivo não vai ser cumprido - poder sair com a investigadora de barco, para tentar encontrar as orcas (Orcinus orca) que ela tem como alvo primordial de estudo. Para o dia seguinte, praticamente toda a Islândia está sob aviso amarelo, fustigada por uma ventania gelada que não permite sair para o mar. Não vamos, por isso, ver orcas, mas o entusiasmo da investigadora portuguesa por estes animais quase nos faz esquecer o desapontamento.
“Durante os três meses de Verão, sempre que possível, saímos para o mar. Seja a que dia for e a que hora for, mas hoje está muito mau tempo”, desculpa-se a bióloga, formada na Universidade dos Açores, que começou a visitar a Islândia em 2008, para estudar a comunicação das orcas que ali se encontram, no âmbito da tese de doutoramento que estava, então, a fazer na Escócia.
“Seja a que horas for” é um conceito bastante comum no Verão islandês, onde o sol praticamente não se chega a pôr, nas regiões do Norte, e onde a luminosidade nunca chega a desaparecer, nas três horas entre o momento em que se põe e aquele em que nasce, mais a sul. Mas, neste dia, a hora pouco importa, porque o vento corre com tal velocidade que, perto dos penhascos no limite da ilha, parece capaz de nos atirar para fora dos trilhos, em direcção ao mar que, em contrapartida, vê a água atirada pelo ar, juntando-se à chuva que cai durante quase todo o dia.