A greve dos trabalhadores que prestam assistência em terra nos aeroportos de Lisboa, Porto, Madeira e Faro, obrigou ao cancelamento de uma série de voos marcados para esta sexta-feira para os dois principais aeroportos nacionais.

A paralisação da Portway já obrigou à anulação de 105 em Lisboa e Porto. O protesto dura três dias, até domingo.

Para sábado prevêem-se mais 46 cancelamentos, segundo uma contagem realizada pelo PÚBICO no site da ANA, de acordo com a informação publicada até às 17h nas plataformas da gestora das infra-estruturas aeroportuárias e dona da Portway.

No Funchal e em Faro não houve ligações suprimidas até ao momento.

No aeroporto Humberto Delgado, na capital, foram suprimidos 60 voos agendados esta sexta-feira: 36 nas partidas e outros 36 nas chegadas (alguns estavam programados para de manhã, outros para a tarde e outros para o período da noite).

As supressões abrangem voos de várias companhias, em particular da transportadora Easyjet, que cancelou mais de 30 voos previstos para esta sexta-feira. Uns deveriam partir do aeroporto Humberto Delgado e outros ter a capital como destino.

Foi a companhia britânica low cost (de baixo custo) que decidiu cancelar os voos de forma prévia, antecipando o impacto que a paralisação poderia ter nestes três dias (sexta-feira, sábado e domingo).

No aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, há 33 voos cancelados esta sexta-feira: 16 partidas e 17 ligações que deveriam chegar ao Porto. A maioria são da Easyjet.

Para sábado, o site da ANA não prevê cancelamentos no Porto, por enquanto.

No aeroporto internacional da Madeira Cristiano Ronaldo, no Funchal, não há indicação de voos cancelados durante o dia de sexta-feira, seja nas partidas, seja nas chegadas, de acordo com a informação actualizada até às 17h.

Relativamente ao aeroporto Gago Coutinho, em Faro, o site da ANA também não indica existirem voos cancelados.

A Portway é a empresa que trata dos chamados serviços de handling, da assistência nas infra-estruturas aeroportuárias, que inclui o trabalho de organização, dos terminais das bagagens, dos carros onde é possível colocar as malas, das mangas de embarque e desembarque ou da prestação de informações e apoio a passageiros.

O dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac) na Portway, Pedro Figueiredo, disse à Lusa, no aeroporto de Lisboa, que a adesão dos trabalhadores nesta infra-estrutura é de 90%, enquanto no Porto está nos 85%, no Funchal “entre 60 a 70% e em Faro 40 a 50%”. Já a Portway contabiliza a adesão à greve numa percentagem “inferior a 10%”, segundo fez saber num comunicado divulgado cerca das 13h.

A greve foi marcada para os trabalhadores reclamarem a aplicação dos acordos de empresa e para contestarem a “confrontação disciplinar”, a “ausência de actualizações salariais” e a “deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais”, que o sindicato diz serem uma realidade na Portway, segundo a Lusa.

Já a empresa veio considerar a greve “um acto irresponsável”, alegando que os motivos da convocação “não correspondem à realidade” e afirmando que afectará “a capacidade de a empresa traduzir a tão esperada recuperação financeira em melhores condições para os trabalhadores”.

Nas páginas dos aeroportos, a ANA divulga uma lista das companhias cujos voos poderão ser afectados até domingo, pedindo aos passageiros das transportadoras em causa que “confirmem o estado do seu voo junto da respectiva companhia aérea, antes de se deslocarem para o aeroporto”.

Nessa lista estão 21 transportadoras e, mesmo assim, a ANA ressalva que se trata de uma sistematização não exaustiva, “podendo haver impacto na operação de outras companhias aéreas assistidas pela Portway”. Dessa lista não faz parte a TAP, que assume um peso importante nos voos do aeroporto de Lisboa.

Nesta sexta-feira, no sábado ou no domingo, a ANA prevê impactos nas ligações asseguradas pela Aegean, Air Canada, Air Transat, American Airlines, Blue Air, Brussels Airlines, Cabo Verde Airlines, Easyjet, Euroatlantic, Eurowings, Finnair, Flyone, Latam, Luxair, Norwegian, TAAG, Transavia, Tunisair, Turkish Airlines, Volotea e Wizz Air.