ICOM aprova nova definição de museu voltada para a inclusão e a sustentabilidade

As preocupações de inclusão, sustentabilidade, acessibilidade e diversidade passam a estar inscritas no conceito, por deliberação da assembleia-geral do organismo que decorre até domingo em Praga.

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O novo Museu Egípcio, no Cairo KHALED ELFIQI/EPA

Uma nova definição de museu foi aprovada esta quarta-feira pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla em inglês), em Praga, na República Checa, alargando a anterior, já com 15 anos, aos conceitos de inclusão, sustentabilidade, acessibilidade e diversidade, segundo a organização.

A nova designação foi aprovada por uma larga maioria numa assembleia-geral extraordinária da 36.ª conferência mundial do ICOM, que está a decorrer até domingo no Centro de Congressos de Praga, subordinada ao tema do Dia Internacional dos Museus deste ano, “O Poder dos Museus”.

Com 92% de votos a favor, esta proposta tinha sido criada em alternativa a uma outra, apresentada há três anos, no encontro anual, em Quioto, no Japão, que gerou intensa polémica pelo seu carácter considerado por alguns membros demasiado “político e activista”.

A nova definição, que essencialmente inclui a anterior e foi alargada com novos conceitos, “está alinhada com algumas das maiores mudanças no papel dos museus, reconhecendo a importância da inclusão, da participação da comunidade e da sustentabilidade”, indica um texto publicado esta quarta-feira pelo ICOM na sua página oficial.

Também são introduzidos os conceitos de ética e de partilha com o envolvimento da comunidade, bem como da possibilidade de proporcionar novas e diversificadas experiências aos visitantes.

Em 2019, a definição apresentada em Quioto acabou por não ser votada, tendo mais de 70% dos membros da assembleia-geral extraordinária decidido adiar a tomada de qualquer posição para a conferência seguinte.

Portugal foi um dos 25 países que subscreveram um documento a pedir o adiamento, para dar tempo à aproximação de posições e “evitar possíveis rupturas” no seio do ICOM.

A actual definição, que data de 2007, mas remonta, na sua génese, aos anos 1970, diz que “o museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, e que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da Humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite”.

A nova definição, aprovada por uma grande maioria, e cuja tradução já foi também aprovada pelos ICOM de Portugal, do Brasil e de Moçambique, como indicou à Lusa o presidente do ICOM-Europa cessante, Luís Raposo, alarga-a.

A definição passa a ser a seguinte: “Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade, que pesquisa, colecciona, conserva, interpreta e expõe o património material e imaterial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e, com a participação das comunidades, e proporcionam experiências diversas de educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento”.

O ICOM é a maior organização internacional de museus e de profissionais de museus, criada em 1946, dedicada à preservação e divulgação do património natural e cultural mundial, tangível e intangível, através de orientações de boas práticas.

Neste encontro anual, representantes de comités nacionais de 118 países, que envolvem mais de 44 mil membros, realizam reuniões de trabalho e debatem até domingo questões que interessam aos museus, nomeadamente a sustentabilidade, liderança, e relação com a sociedade civil, estando prevista ainda a eleição dos novos corpos sociais da entidade.