Valência, a cidade do rio verde
O leitor Pedro Mota Curto partilha a sua experiência na cidade espanhola, entre praia, paelhas, ruelas medievais e o maior jardim urbano de Espanha. Aqui cintila a Cidade das Artes.
Valência, cidade espanhola (de origem romana) situada defronte das ilhas Baleares, é a terceira urbe de Espanha, a seguir a Madrid e a Barcelona, com uma população de 814.000 habitantes e de cerca de cinco milhões em toda a província. Os autóctones têm duas línguas oficiais, o castelhano e o valenciano, que as crianças aprendem, na escola, em simultâneo, desde tenra idade.
Em Maio, a temperatura já é elevada e permite belos dias de praia, não estivéssemos nós perante uma verdadeira cidade mediterrânica, plena de calor, palmeiras, praias, peixe, marisco, cerveja e, claro, paelhas, muitas e variadas paelhas, de todo o tipo e feitio, sendo a qualidade muito variável, perante uma oferta tão diversificada e omnipresente.
A praia situada em plena cidade é imensa, com um areal extenso, desde a belíssima marginal, cheia de lojas, restaurantes e bares, prolongando-se depois por vários quilómetros de linha de costa.
A cidade é plana e percorre-se bem a pé, de bicicleta ou de trotinete. As ciclovias estão em toda a parte e sempre com muito movimento. A estação de comboios está localizada mesmo no centro da cidade. O metropolitano vai até ao aeroporto. A viagem de avião entre o Porto e Valência dura cerca de uma hora.
Valência é Espanha e mediterrânica, por isso, esplanadas, boa temperatura, noites quentes, boas tapas e petiscos, cerveja e vinho, muita conversa, muito convívio, algum turismo. A horchata é uma bebida típica de Valência, bebida vegetal, não alcoólica, de cor branca, fresca, produzida a partir de um tubérculo (chufa), de origem africana, cultivado na zona da cidade. A Água de Valência é outra bebida típica local, alcoólica, tem na sua composição sumo de laranja, gin, vodka e cava. Deve beber-se fresca e com moderação, de preferência no Café de Las Horas, na zona central da cidade.
O centro histórico de Valência é monumental, como em grande parte de Espanha, predominando as medievais ruas estreitas, com igrejas, catedrais, palácios, quase em cada esquina, alternando com agradáveis praças, repletas de esplanadas e de movimento, pessoas, música de rua.
A cidade era atravessada pelo rio Turia, que periodicamente transbordava. Em 1957, a inundação foi muito grave. O rio Turia submergiu cerca de 75% de Valência. Havia que pôr cobro a este problema estrutural. A decisão tomada foi drástica. O rio foi integralmente desviado e deixou de passar na cidade. O seu leito, agora seco, foi então substituído por um imenso parque de lazer. O verde substituiu o azul. Actualmente existe um parque verde onde, durante séculos, existiu um rio. Uma serpentina verde que atravessa toda a cidade. Uma singularidade valenciana, por onde os autóctones se passeiam, correm, pedalam, repousam, praticam desporto, respiram ar puro. A natureza que atravessa a cidade. O maior jardim urbano de Espanha, com dez quilómetros de comprimento.
Neste novo e original parque verde foi igualmente construída uma Cidade das Artes, implantando um projecto diferenciador e potenciador do desejado turismo, da autoria do arquitecto valenciano Santiago Calatrava. Uma cidade do futuro, algures no rio verde, composta, principalmente, por quatro edifícios modernistas: Oceanário, Palácio das Artes, Museu das Ciências e Ágora (espaço multiusos). Todos envolvidos por um assombroso e muito agradável espaço exterior, onde a água se mescla com a típica e exuberante arquitectura de Calatrava.
Pedro Mota Curto