O ouro do costume para Pedro Pichardo

Depois do título olímpico e mundial, português ganhou por larga margem a final do triplo salto nos Europeus de atletismo de Munique. Tiago Pereira foi oitavo.

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Pedro Pichardo, novo campeão europeu do triplo Reuters/KAI PFAFFENBACH

Depois do título olímpico em Tóquio e do título mundial em Eugene, Pedro Pablo Pichardo também é campeão europeu do triplo salto, depois de mais uma exibição absolutamente dominadora na final dos Europeus de atletismo que estão a decorrer em Munique. Qualquer um dos saltos válidos do português na final teria dado para a medalha de ouro, tal a superioridade que demonstrou sobre os restantes 11 finalistas durante o concurso. Acabou por ganhar com um salto médio (para os seus padrões) de 17,50m, numa final onde só houve mais um a passar os 17 metros.

O ouro de Pichardo foi a segunda medalha portuguesa nestes Europeus bávaros, depois da prata de Auriol Dongmo no lançamento do peso feminino, e o segundo título português no triplo masculino em Europeus, depois de Nelson Évora, em Berlim 2018. A competir por Portugal desde 2019, esta foi a quinta medalha para o saltador nascido em Cuba, depois do ouro nos Europeus de pista coberta em Torun (2021), nos Jogos de Tóquio (2021) e nos Mundiais de Eugene (2022), e da prata nos Mundiais de pista coberta em Belgrado (2022).

Foi um triunfo sem qualquer tipo de contestação daquele que era o grande favorito. Pichardo entrou com um salto de segurança e bastante modesto para aquilo que costuma fazer (17,05m) e, na segunda tentativa, deixou logo toda a gente a grande distância (17,50m) e a lutar pelas outras medalhas. O saltador do Benfica ainda tentou mais um salto para melhorar a marca (fez nulo), abdicou dos dois saltos seguintes e regressou, já com o título europeu no bolso, para mais um salto nulo (por pouco), que ficaria próximo dos 17,80m.

Atrás de Pichardo, a luta pelas restantes medalhas parecia completamente imprevisível e aberta a muita gente, também a Tiago Pereira, o outro finalista português. O pupilo de João Ganço (antigo treinador de Nelson Évora) fez uma final em crescendo: nulo no primeiro salto, depois 16,56m, 16,59m e 16,60m. Já numa altura em que o lote de finalistas estava reduzido a oito, Pereira arrancou um salto que parecia levá-lo até às medalhas, mas foi nulo por nove centímetros e não conseguiu melhorar no salto final (nulo), acabando em oitavo.

Para além de Pichardo, o único finalista a passar os 17 metros foi o italiano Andrea Dallavalle, que ficou com a medalha de prata, com um salto a 17,04m no quinto ensaio. O francês Jean-Marc Pontvianne ficou com o bronze, com 16,94m feitos ao terceiro salto, o seu único ensaio válido na final.

"Parece fácil"

Este é o primeiro título europeu ao ar livre para o atleta do Benfica, ele que já tinha sido campeão pan-americano em 2015 quando ainda competia por Cuba. Com todos os títulos e medalhas que já conquistou, já só falta ao triplista de 29 anos chegar ao recorde do mundo, um dos mais antigos do atletismo masculino – continuam a valer os 18,29m de Jonathan Edwards feitos a 7 de Agosto de 1995 nos Mundiais de Gotemburgo.

Pichardo tem como melhor marca pessoal um salto ainda como cubano, 18,08m, mais dez centímetros que o seu recorde de Portugal (17,98m na final olímpica em Tóquio). Mas, como disse à RTP após a final de Munique, ainda vai a tempo de ultrapassar a marca do britânico. “Estou muito feliz, é muito trabalho e dedicação. Depois, parece fácil. Quero continuar a conquistar títulos e a fazer grandes saltos O Jonathan Edwards, quando bateu o recorde, tinha a minha idade [29 anos]. Vou continuar a tentar”, reforçou o novo campeão europeu.

Tal como fez nas outras grandes competições, Pichardo também reforçou o palmarés de Portugal em Europeus de atletismo. O seu título em Munique foi a 16.ª medalha de ouro conquistada por atletas portugueses na competição continental, e a 38.ª posição de pódio. Entre os campeões, são três o que já tiveram várias medalhas de ouro: Rosa Mota, três vezes campeã na Maratona; Francis Obikwelu, bicampeão dos 100m e uma vez campeão nos 200m; Manuela Machado, bicampeã da maratona.

Também Patrícia Mamona terá a oportunidade de reconquistar o título europeu no triplo, ela que foi medalha de ouro nos campeonatos de Amesterdão em 2016. A vice-campeã olímpica apurou-se para a final em Munique com um salto a 14,45m na qualificação, a sua melhor marca do ano e que abre boas perspectivas para a decisão das medalhas nesta sexta-feira. A saltadora sportinguista foi a segunda melhor da qualificação, apenas atrás da alemã Neele Noack (14,53m), mas é quem tem a melhor marca entre as finalistas - 15,01m, recorde que lhe deu a medalha de prata em Tóquio no último Verão.

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