Quem diz é um novo estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido: as mulheres vegetarianas têm maior probabilidade de vir a fracturar a anca no futuro. A pesquisa acompanhou cerca de 26 mil mulheres ao longo de duas décadas e concluiu que as que não comiam nem carne nem peixe tinham mais de um terço de probabilidade de ter fracturas em idade mais avançada.
Segundo os autores do estudo, alguns vegetarianos têm escassez dos nutrientes que potenciam uma boa saúde óssea e muscular, desenvolvendo, consequentemente, maior risco de problemas na anca. Contudo, sublinham, o objectivo do estudo não é incentivar o abandono de uma dieta vegetariana. “Como com qualquer dieta é importante perceber as circunstâncias pessoais e que nutrientes são necessários para um estilo de vida equilibrado”, reconhece o investigador principal, James Webster, à BBC.
As 26 mil participantes do estudo tinham idades compreendidas entre os 35 e os 69 anos e, ao longo de 20 anos, foram analisadas as ligações entre os hábitos alimentares e a saúde. Deste grupo, 28% das mulheres eram vegetarianas e apenas 1% seguia um estilo de vida vegano, ou seja, não consumiam quaisquer produtos de origem animal. Ao longo do período de 20 anos, 822 (3%) das mulheres do grupo sofreram fracturas na anca.
Os resultados do estudo podem ser justificados com a falta de nutrientes como a proteína ou o cálcio, que são mais abundantes na carne do que nas plantas, acredita James Webster. “A baixa ingestão destes nutrientes pode levar a uma densidade mineral óssea e massa muscular mais baixas, que nos mais susceptíveis leva a facturar a anca”, explica.
Para manter uma boa saúde óssea, os cientistas envolvidos no projecto aconselham as mulheres a manter um peso saudável, ─ tendo especial cuidado com um baixo índice de massa corporal ─, a praticar exercício físico e a reforçar nutrientes como a vitamina B12.
O estudo enquadra-se numa investigação mais alargada sobre a saúde dos ossos e dos músculos na velhice. “Precisamos investigar mais para perceber o papel do peso corporal, e para identificar as razões que expliquem as diferenças entre quem é vegetariano e quem come carne”, aponta o co-autor Darren Greenwood.
Já a professora de nutrição Janet Cade, também co-autora do estudo, crê que será particularmente interessante perceber “o potencial risco que as dietas sem produtos de origem animal representam a longo prazo” e “o que pode ser feito para mitigar” esses efeitos.
Fica por saber se o resultado será semelhante quando o estudo for mimetizado entre participantes do sexo masculino, acrescentam os investigadores.
Mas este não é o primeiro estudo que avança esta informação: em 2020, a especialista em saúde pública e nutrição Tammy Tong, da Universidade de Oxford, determinou que os vegetarianos tinham 25% maior probabilidade de facturar a anca do que quem segue uma dieta omnívora. O risco aumentava para 31% entre os veganos.
Importa lembrar, salientam os investigadores de ambos os estudos, que a dieta vegetariana tem mais benefícios do que desvantagens. “A mensagem para os vegetarianos é que não desistam da vossa dieta, que é saudável para outras coisas e mais amiga do ambiente”, incentivou Webster, ao The Guardian. Quem come carne é responsável por mais 59% de emissões do que os vegetarianos, descobriu outro estudo de Leeds no ano passado.