O duelo entre os menonitas e “o cão raivoso da modernidade”, pela lente da Magnum
O fotolivro The Mennonites, de Larry Towell, resulta da imersão nas insulares colónias menonitas do Canadá e do México, entre 1990 e 1999. O PÚBLICO conversou com o fotógrafo da Magnum Photos a propósito da reedição, pela Gost Books, e mergulhou nas suas memórias.
A casa de Cornelius e de Anna Klassen, na colónia menonita de La Batea, Zacatecas, no México, tinha apenas duas divisões e era feita de adobe revestido de amianto. A poucos centímetros da mesa da cozinha, três crianças dormiam num lençol manchado de urina sobre o chão coberto de cascas de amendoim e de beatas de cigarro. “Podes ficar connosco”, ouviu Larry Towell, enquanto os pais transportavam as crianças do chão para a cama que todos iriam partilhar. Larry decidiu pernoitar. “Deitei-me sobre o lençol das três manchas molhadas como se fosse o manto de Cristo”, descreve o fotógrafo. “Como se o pecado original não existisse, como se todos os seres humanos fossem perfeitos à nascença e a sua grandeza desaparecesse com a idade ou, em raros casos, florescesse e dela se fizessem santos cujo nome ninguém recorda.” Tentou dormir, com a cabeça junto às pernas da mesa da cozinha. “Ouvi um homem e uma mulher abraçar-se, a fazer amor numa pilha de bebés adormecidos.”
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