Doping: buscas da Judiciária atingem mais equipas de ciclismo

A dois dias do início da Volta a Portugal, atletas profissionais são suspeitos de usarem substâncias proibidas. FCP suspendeu contrato com W52.

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Os ciclistas do FC Porto foram testados em Abril num hotel de Trancoso LUÍS FORRA/LUSA

Depois de ter investigado um caso de doping que culminou no fim do financiamento da equipa de ciclismo W52 pelo Futebol Clube do Porto, a Polícia Judiciária avançou esta terça-feira para mais buscas relacionadas com o mesmo assunto. Desta vez, e a dois dias do início da Volta a Portugal em Bicicleta, foram alvo da atenção das autoridades ciclistas de três outras equipas profissionais – uma no Norte, outra no Centro e outra no Sul do país.

Tal como sucedeu em Abril passado, numa operação policial baptizada como Prova Limpa, também desta vez foram recolhidas substâncias suspeitas de estarem proibidas a atletas de alta competição, algo que só análises posteriores poderão confirmar. Mas ao contrário do que aconteceu na altura não foram feitas detenções esta terça-feira, tendo no entanto sido apreendida documentação durante as buscas.

A acção desencadeada pela PJ levou já a Rádio Popular-Paredes-Boavista a decidir-se pelo afastamento de Daniel Freitas da 83.ª Volta a Portugal, depois de a casa do ciclista ter sido alvo de buscas na manhã desta terça-feira, equacionando ainda a rescisão do contrato.

“Confirmo as buscas na casa do Daniel Freitas. Independentemente de não sabermos se foi constituído arguido ou não – não sabemos de nada -, porque só foi ao fim da manhã, decidimos, para já, substituí-lo na Volta a Portugal”, revelou José Santos.

Segundo o director desportivo da Rádio Popular-Paredes-Boavista, “caso se confirme qualquer facto que se possa considerar ilícito”, Daniel Freitas “é expulso da equipa”. “É rescindido o contrato”, reforçou.

Mais radical foi a Efapel, que já rescindiu com o ciclista Francisco Campos. O director desportivo da equipa, José Azevedo, confirmou que o corredor deixou de fazer parte da equipa, depois de ter sido constituído arguido no âmbito das buscas realizadas ao seu domicílio.

“Da parte da manhã, o Francisco Campos telefonou-me a dizer que teve uma visita da Polícia Judiciária, que fizeram uma rusga à sua casa, e que foi constituído arguido. Explicou-me o que é que o levou a ser constituído arguido – eu não vou divulgar isso, porque acho que é algo privado e diz-lhe respeito a ele”, começou por dizer o director desportivo da Efapel.

Depois de ouvir as explicações do ciclista, que estava entre os sete seleccionados para alinhar na 83.ª Volta a Portugal, que arranca na quinta-feira, José Azevedo optou pela rescisão automática do contrato do jovem de 24 anos, que representou a W52-FC Porto entre 2019 e 2021.

O caso da W52/FC Porto

Depois de terem ganho a a última Volta a Portugal em Bicicleta, os ciclistas do FC Porto foram testados em Abril num hotel de Trancoso, na região da Guarda, quando se encontravam a participar numa prova desportiva.

O seu director desportivo, Nuno Ribeiro, e um dirigente da União de Ciclismo da Maia, José Rodrigues, eram suspeitos de administrarem doping aos ciclistas.

Mesmo assim, a equipa preparava-se para voltar a correr na Volta que começa esta quinta-feira, não fosse a União Ciclista Internacional ter-lhe retirado a licença desportiva há uma semana, impedindo-a de voltar a competir. Foi na sequência disso que o Futebol Clube do Porto suspendeu o contrato que mantinha há seis anos com a Associação Calvário Várzea Clube de Ciclismo, que dava nome à W52.

A equipa venceu não só a última Volta como as oito anteriores edições. Porém, viu serem-lhe retirados os troféus de 2017 e 2018 devido ao uso de substâncias proibidas pelo corredor espanhol Raúl Alarcón.

Numa carta aberta que divulgou depois da suspensão do contrato por parte do Futebol Clube do Porto, o patrão da W52, Adriano Quintanilha, diz que continuará a defender os seus atletas até prova em contrário. “Claro está que todo aquele que tiver comprovadamente prevaricado deve um pedido de desculpas formal e público, quer a mim próprio quer ao clube e aos seus patrocinadores”, ressalva. Ao mesmo tempo, diz-se alvo de uma “tentativa de assassínio de carácter”, juntamente com os seus patrocinadores.

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