Padre suspeito de violação afastado de funções. Vítima foi recebida pelo Patriarca de Lisboa
Denúncia envolve vítima maior de idade e o caso, que terá ocorrido em Julho, foi comunicado às autoridades civis. “Até ao apuramento dos factos” está suspenso de funções.
O Patriarcado de Lisboa afastou de todas as funções um padre diocesano que é suspeito de um crime de violação. A vítima é maior de idade e o caso já foi reportado às autoridades civis, anuncia aquele organismo da igreja Católica.
Num comunicado divulgado nesta segunda-feira, o Patriarcado de Lisboa diz ter recebido “uma denúncia relativa a um possível crime de violação praticado por um sacerdote diocesano”. Fonte da igreja explicou ao PÚBLICO que o caso foi relatado pessoalmente pela vítima, que foi recebida pelo Cardeal Patriarca, Manuel Clemente, a seu pedido.
O crime terá ocorrido há poucas semanas, durante o mês de Julho. A vítima é uma mulher, com cerca de 50 anos. Não teria ligações com nenhuma organização católica. O padre tem uma idade semelhante.
O caso “foi comunicado às autoridades civis competentes”. A cúpula católica na capital decidiu também, depois de ouvida a vítima e também o sacerdote, “dar início aos procedimentos canónicos previstos para este tipo de casos” e afastou o padre de todas as suas funções “até ao apuramento dos factos”.
A alegada violação “não se enquadra no âmbito da Comissão de Protecção de Menores”, esclarece também o Patriarcado de Lisboa, em comunicado. O caso não está relacionado com o trabalho que tem vindo a ser realizado pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica.
Esta decisão do Patriarcado de Lisboa, suspendendo o padre envolvido neste caso, contrasta com a notícia que veio a público na semana passada. Um padre que nos anos 1990 tinha a seu cargo duas paróquias da zona norte do distrito de Lisboa é suspeito de ter abusado sexualmente de crianças. A denúncia, de pelo menos um destes casos, foi feita pela mãe de uma das alegadas vítimas, ainda nessa altura, ao então cardeal-patriarca de Lisboa, José Policarpo, e, mais recentemente, a Manuel Clemente, que exerce as mesmas funções. Em ambos os casos, não terá havido qualquer denúncia às autoridades civis nem um procedimento interno da Igreja.
O cardeal-patriarca de Lisboa comentou na sexta-feira a notícia. “Aceito que este caso e outros do conhecimento público, e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje todos queremos ver implementados”, escreveu numa carta aberta. D. Manuel Clemente disse querer “esclarecer o que na verdade” testemunhou, tendo em conta “os muitos equívocos e perplexidades”, como lhes chama, que tem constatado em “torno dos relatos sobre o doloroso caso denunciado em 1999”.