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Detritos de foguetão chinês poderão atingir Portugal

Cerca de nove toneladas do sistema propulsor que mede cerca de 30 metros podem resistir às altas temperaturas da reentrada na atmosfera terrestre.

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O foguetão Longa Marcha-5B, que transportou o módulo de laboratório para a estação espacial chinesa em construção, foi lançado a 24 de Julho de 2022 China Daily/REUTERS

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) emitiu esta quinta-feira um comunicado com um alerta sobre uma possível queda, entre 30 e 31 de Julho, de “até 9 toneladas” de detritos do foguetão chinês Longa Marcha 5B (CZ-5B) em território europeu. O lixo espacial que poderá espalhar-se de “forma descontrolada” por uma área com cerca de 2000 quilómetros de comprimento e cerca de 70 quilómetros de largura.

A trajectória de reentrada dos detritos na atmosfera poderá abranger o espaço aéreo de Portugal, Espanha, França, Grécia, Itália, Bulgária e Malta embora a trajectória final só possa ser conhecida horas antes do acontecimento, refere a EASA. Porém, como 70% da superfície do planeta é coberta por água, é importante referir que a chance de que qualquer peça atinja terra firme é pequena.

Esta não é, aliás, a primeira vez que o mundo ouve um alerta deste tipo. Apesar de parecer estranho, o acontecimento está longe de ser inédito. Citando os exemplos mais recentes, a 9 de Maio de 2021 pelas 10h24 (3h34 em Lisboa), o primeiro andar de um outro foguetão Longa Marcha 5B reentrou na atmosfera terrestre. Um importante segmento deste foguetão chinês desintegrou-se ao reentrar na atmosfera terrestre e os restos do engenho caíram no oceano Índico, perto das Maldivas, sem causar quaisquer danos. E em Maio de 2020, um ano antes, os restos de outro Longa Marcha 5B foram encontrados na Costa do Marfim.

Desta vez, o foguetão chinês, lançado a 24 de Julho, tem uma massa estimada que varia entre 17 e 22 toneladas, “um dos maiores pedaços de detritos que reentram na atmosfera nos últimos anos” salienta a agência europeia, acrescentado que a parte do foguete que cairá na Terra” poderá medir cerca 30 metros”.

Parte dos elementos que compõem a estrutura serão consumidos pela elevada temperatura gerada na entrada do Longa Marcha na atmosfera terrestre, mas a EASA admite que “entre 20% e 40% da sua massa atingirá a Terra, o suficiente para que numerosos fragmentos sobrevivam e chovam na forma de detritos em uma área de cerca de 2000 quilómetros de comprimento por cerca de 70 quilómetros de largura”.

Especialistas norte-americanos citados pela Reuters, calculam que “até 9 toneladas de material podem sobreviver à entrada na atmosfera”. Restará, assim, o propulsor do foguetão Longa Marcha, que foi lançado em 24 de Julho e que transportou o segundo módulo da estação espacial chinesa Tiangong, que se encontra em fase de construção.

A mais recente previsão, datada de 27 de Julho de 2022, prevê que a reentrada dos destroços do Longa Marcha ocorrerá “a 30 de Julho de 2022 às 18:39:00 (UTC) [19h39 em Portugal continental] +/- 900 minutos na latitude aproximada 39,1, longitude 148,9” destaca o comunicado da EASA.

Por se tratar de uma reentrada descontrolada, “é difícil neste momento prever exactamente a trajectória de detritos e onde na Terra as peças vão cair. Uma previsão mais detalhada só estará disponível apenas algumas horas antes do impacto”.

A agência de segurança já emitiu um comunicado onde apela para uma maior “consciencialização sobre a esperada reentrada na atmosfera da Terra do grande objecto espacial Rocket Long March 5B (CZ-5B)”, frisando que foram previstas uma variedade de possíveis trajectórias de reentrada, uma das quais poderia afectar o espaço aéreo do sul da Europa.

A EASA recomenda que as autoridades nacionais de aviação dos países membros e operadores de aeronaves que “monitorizem e levem em consideração regularmente as últimas previsões para a reentrada”.

Estes lançamentos de foguetões chineses fazem parte das missões necessárias para construir e abastecer a futura estação espacial chinesa. Quando concluída, possivelmente no final de 2022 se os prazos forem cumpridos, a Estação Espacial Chinesa deverá pesar cerca de 66 toneladas, consideravelmente menor do que a Estação Espacial Internacional, que pesará cerca de 450 toneladas e para a qual o primeiro módulo foi lançado em 1998.

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