Restos de foguetão chinês reentram na atmosfera esta madrugada
Probabilidade de impacto no solo é considerada baixa, mas a reentrada poderá ser visível em longas faixas territoriais que vão da Nova Zelândia ao México, passando por Portugal.
Os restos de um foguetão lançado da China na semana passada deverão reentrar na atmosfera terrestre na noite de sábado para domingo, segundo estimam observatórios europeus e dos Estados Unidos. O governo chinês garante que a maior parte dos destroços deverá desfazer-se ao reentrar na atmosfera ou cair em águas internacionais, e que é altamente improvável que o incidente cause danos ou vítimas no solo, mas europeus e norte-americanos estão a seguir com atenção a trajectória dos objectos.
Segundo a previsão mais recente do Centro Europeu de Vigilância e Seguimento Espacial (EU SST, na sigla inglesa), os destroços deverão reentrar na atmosfera até 139 minutos em torno das 3h32 de domingo, hora de Portugal Continental, algures numa longa faixa territorial que vai desde a Nova Zelândia até ao México, e que também passa sobre Portugal. Ao longo da noite de sábado, a previsão da zona exacta de reentrada na atmosfera oscilou entre o Atlântico Norte e o Oceano Pacífico.
“A maior parte da superfície terrestre é coberta pelo mar ou por áreas inabitadas, por isso a probabilidade estatística de um impacto no solo numa zona povoada é baixa”, refere o EU SST, que no entanto sublinha que o facto de os restos do foguetão chinês estarem a orbitar fora de controlo introduz um factor de incerteza relativamente a qualquer previsão do que possa acontecer esta noite.
Com os objectos a completar uma órbita em torno da Terra a cada 90 minutos, os cenários mais recentes indicam que os pedaços de lixo espacial poderão passar sobre o território continental português em quatro momentos das 01h30 às 6h15, com foco no Centro e Sul do país, onde o fenómeno poderá mesmo ser visível a olho nu.
O foguetão no centro deste incidente, o Longa Marcha 5B, foi lançado da ilha chinesa de Hainan a 29 de Abrir e transportava um módulo habitável para a futura estação espacial chinesa. Não se encontrava tripulado e o voo foi bem-sucedido.
O que aconteceu neste lançamento não é inédito. Em Maio de 2020, há precisamente um ano, os restos de outro Longa Marcha 5B foram encontrados na Costa do Marfim. A explicação para estes dois incidentes, segundo observadores norte-americanos, está no facto de grande parte do módulo de propulsão do foguetão subir até à órbita terrestre em vez de cair no mar ou numa zona não habitada logo após o lançamento, como acontece com a generalidade dos foguetões norte-americanos, europeus ou russos. Ao entrar em órbita, o módulo de cerca de 18 a 22 toneladas fica entregue à sorte, sendo impossível controlar a reentrada na atmosfera terrestre.