Empresa do Kuwait em negociações exclusivas para comprar a Groundforce
National Aviation Services (NAS) passou a concorrência e chegou à fase final, num processo liderados pelo administradores de insolvência que contou com o apoio da TAP.
A National Aviation Services (NAS), do Kuwait, entrou na fase de negociação directa para comprar a Groundforce. Para trás ficou a Swissport, que também estava na corrida para ficar com a empresa de handling. De acordo com o comunicado enviado pela Groundforce, os administradores de insolvência da empresa, “com a colaboração da TAP” (principal cliente e dona de 49,9% do capital), “concluíram mais uma fase do processo competitivo”, prevendo-se que na próxima etapa se proceda “à elaboração e conclusão dos documentos finais” ligados à venda.
“As negociações com a NAS, empresa subsidiária do grupo logístico Agility Public Warehousing Company, cotado na bolsa do Kuwait, estão já em curso e pretende-se que sejam concluídas em breve de forma a permitir a futura viabilização da Groundforce, no âmbito do processo de insolvência actualmente em curso”, afirma-se no comunicado.
O dono da maioria do capital (50,1%), Alfredo Casimiro, tem tentado contestar judicialmente o processo de insolvência pedido pela TAP, e que o afastou da empresa após uma disputa entre os dois accionistas e que envolveu também o Governo, por via do ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos.
Recentemente, os administradores de insolvência reconheceram dívidas de 136,2 milhões devidos pela Groundforce junto de 2664 credores, mas este valor engloba dívidas condicionais ligadas aos trabalhadores. Ou seja, que só se concretizam no caso de a empresa vir a encerrar (através, por exemplo, de indemnizações por cessação do contrato de trabalho).
O maior credor é a TAP, à qual a Groundforce deve 15,5 milhões de euros, entre créditos privilegiados, comuns e subordinados (os últimos a serem pagos). Estes 15,5 milhões estão divididos em seis dívidas diferentes, entre as quais se destacam uma de 10,7 milhões de euros (crédito comum) e outra de quatro milhões (crédito privilegiado). Esta última está ligada a “créditos laborais por sub-rogação”, enquanto a primeira diga respeito a um acordo de transacção estabelecido entre as duas empresas no início de Dezembro do ano passado.
Nessa altura, ficou estabelecido que a Groundforce ia recuperar “a titularidade imediata” dos equipamentos, como escadas, autocarros e reboques, que tinham sido alienados à TAP cerca de nove meses antes de modo a ter liquidez para pagar os salários aos trabalhadores que estavam em atraso.
A ANA – Aeroportos de Portugal também se destaca na lista, com um crédito reconhecido de 12,7 milhões de euros sobre a Groundforce. Já a seguradora Fidelidade, que a par da TAP e da ANA faz parte do trio de empresas que compõem a comissão de credores, conta um crédito de dois milhões de euros.
De acordo com o relatório e contas da TAP SGPS, recentemente disponibilizado, a Groundforce teve um prejuízo de 7,8 milhões de euros em 2021, depois das perdas de 26 milhões em 2020. A alienação da posição da TAP na empresa de handling é uma das imposições da Comissão Europeia ligadas à ajuda de Estado, tal como a venda dos 51% que a companhia aérea detém na Cateringpor.