W52-FC Porto fora da Volta a Portugal. UCI suspendeu equipa por doping
Federação confirmou em comunicado que a equipa continental “está impedida de voltar a competir”.
A União Ciclista Internacional (UCI) retirou a licença desportiva à equipa W52-FC Porto, que assim vai falhar a 83.ª Volta a Portugal, confirmou esta quarta-feira a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC).
“A Federação Portuguesa de Ciclismo confirma que foi hoje notificada pela União Ciclista Internacional (UCI) de que esta entidade decidiu retirar a licença desportiva à equipa continental W52-FC Porto, na sequência da informação recebida pela UCI sobre o processo que decorre na Autoridade Antidopagem de Portugal”, pode ler-se no comunicado enviado às redacções.
O organismo diz que “a decisão entra imediatamente em vigor, pelo que a equipa está impedida de voltar a competir”, o que inviabiliza, desde logo, a participação dos ‘dragões’ na 83.ª Volta a Portugal, que decorre entre 4 e 15 de Agosto.
Adriano Quintanilha, patrão da W52-FC Porto, reagiu, entretanto, à suspensão.
“Nem sei bem o que se está a passar. Recebi uma chamada para regressar a Portugal e cancelar a reunião com ciclistas. Ainda não posso dizer nada”, declarou à Rádio Renascença.
Adriano Quintanilha afirmou ter garantias de poder inscrever ciclistas para a Volta a Portugal, o que o levou a Espanha, onde diz ter feito “as contratações todas” antes de ser surpreendido e “bombardeado com isto”.
À Antena 1, Adriano Quintanilha reiterou a ideia de que a equipa estaria salvaguardada, para além de manter a confiança nos ciclistas suspensos.
“Como dirigente, estou de consciência tranquila. Nunca exigi nada que não fosse a verdade e continuo a acreditar na palavra dos ciclistas”.
A estrutura W52, ligada ao FC Porto há seis épocas, venceu as últimas nove edições da prova ‘rainha’ do calendário nacional, embora os triunfos do seu corredor espanhol Raúl Alarcón, em 2017 e 2018, lhe tenham sido retirados por “uso de métodos e/ou substâncias proibidas”.
O que está em causa?
Oito ciclistas e dois elementos do staff da W52-FC Porto foram suspensos preventivamente a 15 de Julho pela ADoP no âmbito da operação “Prova Limpa".
Os corredores, assim como os membros do staff, estão suspensos preventivamente durante 120 dias, um período que pode ser prolongado “dada a complexidade do processo”.
No sábado, a identidade de seis desses ciclistas foi conhecida quando os mesmos foram impedidos de alinhar na terceira etapa do Grande Prémio Douro Internacional, que acabou por ser conquistado por José Neves, o único representante da equipa que continuou em prova.
Foram afastados Ricardo Vilela e José Gonçalves, além de quatro antigos vencedores da Volta a Portugal: João Rodrigues (2019), Rui Vinhas (2016), Ricardo Mestre (2011) e Joni Brandão, que “herdou” a vitória na edição de 2018 depois da desclassificação, por doping, do também “dragão” Raúl Alarcón.
Além dos ciclistas que alinhavam no GP Douro Internacional, a W52-FC Porto conta ainda nas suas fileiras com Amaro Antunes, três vezes vencedor e bicampeão em título da Volta (2021, 2020 e 2017), Samuel Caldeira, Daniel Mestre e Jorge Magalhães.
No final de Abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o director desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação “Prova Limpa”, a cargo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto.
“A operação policial, envolvendo um total de cerca de 120 elementos provenientes da Directoria do Norte e ainda das Directorias do Centro e do Sul, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga, Vila Real e Guarda, contou ainda com a colaboração da ADoP”, detalhou a PJ, a 24 de Abril.