Carreiras “disponível” para sair da Câmara de Cascais antes do final do mandato - “mas não agora” - e lança Pinto Luz
O autarca de Cascais está no seu último mandato e admite sair mais cedo caso receba algum convite para regressar ao sector privado, por isso pediu ao PSD que comece “a reflectir e a preparar as próximas autárquicas”. Miguel Pinto Luz é o número dois e por isso natural sucessor de Carreiras.
O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, avisou o PSD que está “disponível” para deixar o cargo antes do final do mandato, mas em declarações ao PÚBLICO garantiu que esse cenário não está, “para já”, em cima da mesa. O alerta foi dado num plenário que esta semana juntou os militantes do PSD do concelho de Cascais. No encontro, o autarca (que não poderá ser recandidato devido à lei que limita os mandatos) assinalou a alteração do ciclo nacional com a nova liderança de Luís Montenegro e apelou ao partido que comece “a reflectir e a preparar” uma candidatura às próximas eleições autárquicas para que os sociais-democratas mantenham esta câmara em 2025.
As declarações de Carlos Carreiras no encontro de sociais-democratas levaram o site Cascais 24 e o Diário de Notícias a noticiar que o autarca poderia renunciar ao mandato, com o jornal de Cascais a referir mesmo que pode ser em breve. Mas o presidente da câmara garantiu ao PÚBLICO que não é esse o plano, até porque “gostaria de estar presente na hora da conclusão” de “muitos projectos estruturais” que ainda estão em execução, como “a requalificação de escolas e centros de saúde; a recuperação das ribeiras de Cascais ou a construção da Nova Medical School”, que arranca em Setembro. “É perfeitamente compreensível que gostasse de estar na conclusão desses projectos”, insiste.
Não obstante, e porque estes projectos não têm uma data certa de execução, o presidente de Cascais admite que a sua saída possa ser antecipada, uma vez em 2025 não terá ainda idade para se reformar sem penalizações e terá forçosamente de voltar ao sector privado, onde tem experiência como gestor. "Se eu soubesse que todos eles terminariam nos próximos tempos, diria que depois de todos concluídos está fechado o ciclo e já podia sair se aparecer alguma oportunidade. Mas são factores muito aleatórios. Não há um prazo porque não depende de nós”, justifica.
A essa incerteza soma-se a existência de um convite e projecto que o desafie, completa. “Se aparecer um projecto, não agora, mas antes do fim do mandato, admito que possa antecipar a minha saída”, diz.
“Como eu muitos outros presidentes de câmara estarão na mesma situação que eu nas próximas eleições e por isso quis alertar o partido que se deveria começar a preparar com tempo”, esclarece. Na linha de “sucessão” de Carlos Carreiras está o número dois, Miguel Pinto Luz, que o autarca cobre de elogios. “Não acredito em sucessores naturais, nem hereditários. Mas não escondi que, dentro do PSD-Cascais, o Miguel Pinto Luz, com quem trabalho há muitos anos, é aquele com mais competência, conhecimento e experiência, o que o tornará o natural candidato daqui a três anos”, afirmou.
“Não quero fazer o que o meu antecessor me fez a mim”, disse, referindo-se a António Capucho, de quem herdou a câmara de Cascais em Fevereiro de 2011, quando era vice-presidente, sem que esta passagem fosse devidamente preparada.
As saídas de autarcas e as suas substituições pelo número dois não são casos isolados. Em 2015, a cinco meses das legislativas, era António Costa que abandonava a câmara de Lisboa e a deixava nas mãos de Fernando Medina, para se concentrar na liderança do partido e na corrida ao Parlamento.