Incêndios em Murça e Chaves continuam a ser os que mais preocupam
Protecção Civil alerta para risco alto e muito alto de incêndio que se vai manter na “quase totalidade do país” durante os próximos dias.
Depois das tréguas durante a manhã e início da tarde desta quarta-feira, o incêndio que deflagrou no domingo na localidade de Cortinhas, concelho de Murça (Vila Real) reacendeu-se pelas 16h. Antes disso tinha estado em fase de consolidação e rescaldo. À semelhança do dia anterior, Vila Real continuava a ser o distrito que motivava maiores preocupações, com duas ocorrências importantes activas ao final da tarde. Às 19h, na habitual conferência de imprensa da Protecção Civil, o comandante nacional assumia que o incêndio de Murça era o que continuava a gerar mais cuidados, apesar de 80% estar estabilizado àquela hora.
“A ocorrência que carece de maior preocupação e tem o maior número de meios continua a ser a de Vila Real, Murça, que tem 827 operacionais empenhados, 278 veículos e oito meios aéreos”, disse André Fernandes. A área ardida estimada em Murça ainda não é certa, mas será “seguramente” superior a seis mil hectares.
O comandante nacional de Emergência e Protecção Civil acrescentou ainda que cerca de 80% do incêndio estava em fase de consolidação àquela hora. “Faltam os restantes 20% que poderão ter estas fases de reactivação”, como explicou.
Uma hora volvida e às 20h, num ponto de situação consultado no site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), era possível verificar que o número de meios empenhados no combate tinha aumentado para os 831 operacionais, suportados por 288 meios terrestres. Já os oito meios aéreos diminuíam, àquela hora, para cinco – à noite os aviões e helicópteros deixam de actuar.
André Fernandes admitiu na conferência de imprensa que era “expectável que durante a noite” se conseguisse “estabilizar o resto do incêndio”.
Além do incêndio em Murça, estava também em curso um fogo considerado como uma ocorrência importante no mesmo distrito. A mobilizar menos meios, lavrava em Bustelo, no concelho de Chaves, o incêndio que teve início na sexta-feira passada. Às 20h, estavam empenhados 140 operacionais, 43 meios terrestres e três meios aéreos.
Durante o dia chegaram a estar dois mil operacionais no terreno a combater as chamas, de acordo com a informação da Protecção Civil, às 17h. A essa hora, seis incêndios estavam activos, estando quase metade dos bombeiros concentrados no distrito de Vila Real. Outras nove ocorrências estavam em fase de resolução e 42 incêndios em conclusão.
Risco alto em quase todo o país
Até às 19h desta quarta-feira tinham-se registado um total de 83 incêndios no país. A Protecção Civil alertou para o risco alto e muito alto que se vai manter durante os próximos dias, com André Fernandes a lembrar que “o desagravamento não vai acontecer” quando desejado. “O risco vai-se manter alto e muito alto na quase totalidade do país.”
“As ignições existem, algumas delas ou a maioria tem uma grande capacidade de desenvolvimento e o ataque inicial tem sido robusto para evitar que elas [as ignições] passem depois para um ataque ampliado e ganhem uma grande dimensão”, esclareceu.
As queimas e queimadas são a principal origem dos incêndios rurais registados este ano, representando 62% das causas apuradas, enquanto 14% dos fogos foram provocados por incendiários, revelou esta quarta-feira o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O ICNF, que divulgou o relatório de incêndios rurais deste ano com dados até sexta-feira, indica que as várias tipologias de queimas e queimadas representam 62% do total das causas apuradas dos fogos registados este ano, sendo as origens mais frequentes as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (28%) e queimadas para gestão de pasto para gado (19%).