Sete anos depois de ter ficado “desfigurada”, Linda Evangelista volta à carreira de modelo
A modelo, de 57 anos, tinha realizado um tratamento cosmético chamado de CoolSculpting, em 2016, para eliminar células gordas, mas acabou diagnosticada com hiperplasia adiposa paradoxal, que provoca inchaço.
Sinónimo de glamour nos anos 90 do século passado, Linda Evangelista aparecia em capas de revista e preenchia passerelles. Mas tudo mudou em 2016, quando ficou “brutalmente desfigurada” depois de um tratamento cosmético. Agora, anuncia, através do Instagram, o seu regresso à carreira de modelo, com uma campanha para a Fendi.
Para comemorar os 25 anos da mala Baguette, concebida pela designer Silvia Venturini Fendi, que já é a terceira geração da família italiana, a marca de moda vai realizar um desfile a 9 de Setembro, em Nova Iorque. Numa publicação no Instagram, no fim-de-semana, Linda Evangelista, de 57 anos, mostrou-se “grata” a todos os membros da equipa envolvida no projecto, acompanhando o texto de uma imagem publicitária em que aparece com produtos da Fendi, incluindo a famosa carteira.
Em Setembro de 2021, Linda Evangelista tinha partilhado na mesma rede social a razão pela qual se afastara não só das passerelles, mas do mundo. “Fui brutalmente desfigurada”, revelou. A modelo canadiana realizou, entre 2015 e 2016, sete tratamentos com vista a eliminar células gordas no abdómen, ancas, zona das costas e linha do peito, coxas internas e queixo, tendo-lhe sido aplicado o CoolSculpting, um tratamento ambulatório e não-invasivo.
Contudo, o procedimento, da responsabilidade da empresa Zeltic, “fez o contrário do que prometeu”. Evangelista acabou por ser diagnosticada com hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), que provoca um inchaço nas áreas tratadas, em Junho de 2016, o que a levou a processar a Zeltic Aesthetics Inc., exigindo uma indemnização de 50 milhões de dólares. A modelo conta ter entrado num “ciclo de depressão profunda”.
Um tratamento com risco
Depois de vários anos “escondida e envergonhada”, Linda Evangelista decidiu ganhar coragem para sair da sombra. Em Fevereiro deste ano, em entrevista à revista People, a propósito da qual realizou a sua primeira sessão de fotografias depois do tratamento confessou: “Não posso continuar a viver com esta dor.” Então, a modelo salientou estar a tentar recuperar a sua vida, com optimismo. “Espero poder libertar-me de alguma vergonha e ajudar outras pessoas que se encontram na mesma situação que eu.”
Da parte da empresa responsável pelo CoolSculpting, um representante realçou, em resposta à People, que o procedimento já foi provado múltiplas vezes, “com mais de 100 publicações científicas e mais de 11 milhões de tratamentos realizados em todo o mundo”. Contudo, alertou para alguns efeitos secundários, como a HAP, que, assinalou, “continuam a ser bem documentado na informação da CoolSculpting [disponibilizada] a doentes e fornecedores de saúde”.
No entanto, o advogado de Linda Evangelista contrapôs, em documentos entregues em tribunal e partilhados no Instagram, que a empresa “falhou ao não mencionar o risco de PAH” antes do tratamento.
Um trabalho publicado, em Julho de 2018, no Aesthetic Surgery Journal concluiu que o risco de HAP nas pessoas submetidas ao tratamento é de 1 em cada 2 mil, comparativamente a um estudo anterior que estimava 1 em cada 20 mil tratamentos. Ao The Washington Post, em 2021, o cirurgião plástico Troy Pittman deixou um aviso: “Só porque diz ‘não-invasivo’ não significa que não haja risco.”
Texto editado por Bárbara Wong