Morreu Claes Oldenburg, um dos nomes centrais da arte pop
Conhecido pelas suas monumentais esculturas públicas representando objectos do quotidiano, como a pá gigante à entrada do Parque de Serralves, o artista tinha 93 anos.
Claes Oldenburg, um dos nomes centrais da arte pop e da escultura contemporânea, morreu esta segunda-feira na sua casa em Manhattan, Nova Iorque, noticiaram os media norte-americanos. Tinha 93 anos.
Oldenburg ficou conhecido pelas suas monumentais esculturas públicas representando objectos do quotidiano e da cultura popular, como a pá gigante e colorida que está instalada à entrada do Parque de Serralves, no Porto, e que fez em co-autoria com Coosje van Bruggen, a sua segunda mulher, que morreu em 2009.
Nascido em Estocolmo em 1929, a sua família mudou-se para Chicago em 1936, no culminar de uma carreira de diplomata do pai. Oldenburg, que estudou literatura e história de arte na Universidade de Yale, chegou a Nova Iorque em 1956, altura em que o expressionismo abstracto que dominara a pintura conhecia o seu ocaso. O seu percurso inicial, ligado ao experimentalismo dos anos 60, pode ser visto como reacção ao movimento dominante anterior, nomeadamente a sua pesquisa em torno da performance e da reciclagem de objectos de consumo. A sua primeira exposição, em 1958, incluía objectos em papier-mâché que posteriormente tomaram a forma de esculturas de chão em forma de hambúrgueres – Floor Burger data de 1962.
Como escreve o Museu de Serralves no seu site a propósito da obra do artista, o trabalho de Oldenburg trouxe “um novo olhar sobre os mais banais objectos do (nosso) quotidiano – de fósforos a gelados, passando por alfinetes, carimbos, hambúrgueres, talheres… –, adulterando a sua escala para os colocar, posteriormente, em locais inusitados, surpreendendo o observador”.
Como para muitos dos artistas pop, a começar por Andy Warhol, Marcel Duchamp e os seus ready-mades do início do século XX, que trouxeram para as galerias de arte objectos produzidos em massa, foram uma inspiração para as citações de Oldenburg. Mas os artistas pop acabaram por transfigurar esses produtos da cultura popular. O artista de origem sueca dizia mesmo que queria que os seus objectos fossem tão misteriosos como a natureza. “A minha intenção é fazer um objecto do quotidiano que escape a uma definição.”
Mola de Roupa será uma das suas esculturas monumentais mais conhecidas nos Estados Unidos. Foi erguida em aço corten em Filadélfia para comemorar o bicentenário da Declaração da Independência, em 1976. Tal como Pá ou Binóculos, é literal em relação ao título, com o arame a figurar o número 76. “Quis localizar a arte na experiência da vida”, disse Oldenburg numa entrevista em 1995.
O seu primeiro “Monumento Colossal”, como chamava às suas esculturas públicas, que desafiavam a noção mais clássica de monumento com o objectivo de democratizar a arte, intitula-se Lipstick (Ascending) on Caterpillar Tracks e data de 1969. Instalada em Yale, e produzida com a ajuda dos estudantes de arquitectura, é uma crítica à Guerra do Vietname quando os protestos estudantis abalavam os Estados Unidos.
Como lembra o New York Times, Claes Oldenburg influenciou gerações de artistas com a sua obra em redor dos objectos do quotidiano, com a forma como cruzou performance e artes visuais ou com a sua visão do trabalho em colaboração, especialmente com Coosje van Bruggen, com quem desenvolveu cerca de 40 projectos.