O capitalismo põe-te a ferver? Há um gelado para “comer os ricos” — e matar o calor

O coletivo de artistas MSCHF criou gelados com a cara de alguns dos homens mais ricos do mundo. Os gelados foram vendidos por dez dólares em Nova Iorque e Los Angeles.

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O colectivo de arte nova-iorquino MSCHF (pronunciado “mischief”, que significa “artimanha”, em português) criou uma carrinha itinerante para vender gelados com a cara dos bilionários mais famosos do mundo. Entre 11 e 13 de Julho, a carrinha fez paragens em Nova Iorque, Santa Mónica e Los Angeles.

O mais recente projecto do grupo conhecido por ter criado as populares Satan Shoes, em parceria com Lil Nas X, chama-se Eat the rich (que significa “come os ricos”). A expressão atribuída a Jean-Jacques Rousseau tornou-se um slogan anti-capitalista, séculos depois. “Quando as pessoas não tiverem mais nada para comer, comerão os ricos” é a frase completa.

E se, por um lado, há quem encare o preço dos gelados — dez dólares — como uma crítica ao neoliberalismo, há quem condene o grupo MSCHF por disponibilizar gelados pequenos a um preço tão alto. “Uma carrinha a vender gelados que dizem ‘comam os ricos’ para influencers publicarem no Instagram a fazer publicidade é ironicamente o pico do capitalismo”, lê-se num dos comentários.

Apesar das reacções diversas à mais recente criação do colectivo, na tarde de dia 11, os gelados Bite Bezos e Munch Musk dedicados ao fundador da Amazon, Jeff Bezos e ao CEO da Tesla, Elon Musk, respectivamente esgotaram na carrinha de Nova Iorque.

Ao longo dos três dias, o Eat The Rich disponibilizou também gelados com a cara do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, do presidente executivo do Alibaba Group, Jack Ma e do fundador da Windows, Bill Gates. O último anunciou recentemente que pretende deixar de fazer parte do clube dos mais ricos do mundo e que tenciona doar a sua fortuna à fundação Gates.

Os gelados foram colocados à venda no Verão em que os termómetros mundiais registaram recordes de temperatura. Segundo a Oxfam, o 1% das pessoas mais ricas do mundo, sempre prontos para voar, com uma paixão por SUV e grandes gastadores, são responsáveis pela emissão do dobro do dióxido de carbono emitido pela metade mais pobre da humanidade, no último quarto de século. A mesma organização lembra que as emissões de dióxido de carbono dos 1% mais ricos da população mundial estão a caminho de exceder em 30 vezes o limite necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, a meta estabelecida no Acordo de Paris, lê-se no relatório Confronting Carbon Inequality.

Texto editado por Renata Monteiro

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