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“O aperto vai ser em Agosto e Setembro.” Pastores e produtores de Trás-os-Montes tentam sobreviver à seca
Agricultores poupam o que podem na rega, pastores têm dificuldade em encher o estômago aos animais.
Desde os 13 anos que Arsénio Moura da Eira anda para trás e para a frente com cabras e ovelhas agrupadas em rebanho. Hoje tem quase 60 anos, idade que lhe dá uma certa autoridade para fazer comparações. Antes, “elas espalhavam-se e comiam. Agora está tudo seco”, constata o pastor de chapéu na cabeça e t-shirt branca trilhada nas calças, encostado ao muro de pedra da principal rua de Soutelinho do Mezio, em Vila Pouca de Aguiar. A mulher, Maria de Fátima Moura da Eira, também ela com uma vida de pastoreio, confirma: “temos os lameiros”, onde crescem os pastos, “todos sequinhos”.
“E o pior é daqui para a frente”, completa ao lado Albano Fernandes, também pastor, de 82 anos, que cuida de dois rebanhos com mais de 300 ovelhas. Arsénio detalha: “Agora é que dói. Dói porque não vai haver pastos e o feno vai estar caríssimo”. A situação de seca que se arrasta há meses em Trás-os-Montes e se agravou no último mês pesa nos ombros de quem tem explorações de animais ou vive da agricultura. “Não choveu e o feno não medrou”, conta Albano, levantando o tom de voz. Diz também que emprega adubo com mais cerimónia, uma vez que os sacos passaram de nove euros para “17 ou 18 euros”. A terra costumava dar-lhe 4 mil fardos de feno numa temporada, uma ajuda preciosa para alimentar os rebanhos. Este ano, estima, deve ficar pelos 600 ou 700, estima. A ração para os anhos também subiu de preço.