Perda gestacional: “É muito importante fugir à tentação de medicalizar o sentimento”

Na consulta com casais que têm Perda Gestacional Recorrente, a obstetra Fátima Serrano pergunta pelo nome daquele filho desejado. Há que estudar desde cedo as causas destas perdas e, diz, em 70% dos casos existe probabilidade de sucesso.

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Fátima Serrano é ginecologista na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa Rui Gaudêncio

Perder uma gravidez é perder um filho. Pouco importa se o tempo de gestação é mais curto ou mais longo. A dor, o sofrimento e o luto são individuais, pessoais e intransmissíveis, e não dependem do número de semanas de gestação. Essas “contas” fazem-nas quem está de fora — profissionais de saúde, muitas vezes incluídos — que imaginam consolar o casal com frases do género “Ainda bem que foi ao princípio”, “Mais vale agora do que depois”. Mas para muitos casais esta é a primeira de muitas perdas, num vórtice de “abortos espontâneos”, que os deixam sem chão e com tantas perguntas sem resposta.

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